terça-feira, 7 de março de 2017

Concurso Nacional de Leitura - obras selecionadas para a 2ª Fase

As obras selecionadas para a 2ª Fase do Concurso Nacional de Leitura para o 3º Ciclo, este ano, são


  • "Bicicleta à chuva" de Margarida Fonseca Santos


"Uma História sobre Bullying, Coragem e Amizade

Crescer é um desafio enorme. Mas às vezes é difícil decidir que caminho devemos seguir. A Escolha É Minha é uma coleção sobre as opções que tens de tomar todos os dias com histórias de vida contadas por jovens como tu. Esta história, Bicicleta à Chuva, podia bem ser a tua ou quem sabe a de alguém que conheces.
O Jaime carrega um enorme segredo: um grupo de rufias, os Alcaides, toma conta da sua vida de muitas maneiras, deixando-lhe o corpo e a mente com marcas difíceis de apagar.
O Valdomiro, o chefe dos Alcaides, luta para, de alguma forma, conseguir ser importante naquele bairro tão complicado.
Um dia, em frente à paragem do autocarro, o Jaime vê uma bicicleta antiga encostada ao muro de pedras, e desenha-a. Cai uma chuva miudinha, mas o dono da bicicleta, o Joaquim, não se incomoda com isso, e interessa-se por aquele desenhador.
Nasce assim uma amizade capaz de revolucionar a vida do Jaime e de muitos outros. Queres saber como? Então, vem daí!

Um livro tão comovente e emocionante que os mais novos não vão conseguir parar de ler!

Livro recomendado pelo  Plano Nacional de Leitura para o 3º Ciclo."

  • O pintor debaixo do lava-loiças" de Afonso Cruz 



"A liberdade, muitas vezes, acaba por sobreviver graças a espaços tão apertados quanto o lava-loiças de um fotógrafo. Esta é a história, baseada num episódio real (passado com os avós do autor), de um pintor eslovaco que nasceu no final do século XIX, no império Austro- Húngaro, que emigrou para os EUA e voltou a Bratislava e que, por causa do nazismo, teve de fugir para debaixo de um lava-loiças."


"O livro tem apenas 170 páginas e muitos bonecos pelo meio. Olhos, muitos olhos, e mais uns quantos semelhantes ao da capa. Mas não se trata de um livro infanto-juvenil. A história em si baseia-se num facto real - a família do autor teve um pintor judeu escondido debaixo do lava-loiças durante meses, no decurso da II Guerra Mundial - mas a vida do pintor é ficcional.
Jozef Sors nasce numa grande casa do império Austro-Húngaro, filho do mordomo e de uma engomadeira, nos finais do século XIX. O proprietário da casa é Moller, um coronel do exército, que também tem um filho de tenra idade e logo decide contratar um precetor para tratar da educação de ambos, democraticamente. Ao contrário do que seria de esperar, os rapazes não se tornam amigos: Wilhelm é um leitor compulsivo, que considera que "a última página de um livro é a primeira do próximo", tal como os fumadores inveterados acendem um cigarro no outro; Jozef, por seu turno, é um desenhador frenético que, desde que aprendeu a pegar num lápis, não faz outra coisa senão desenhar em papéis, paredes, terra ou até em pensamentos; Havel Kopecky, o precetor, entende que o mais importante é ensinar-lhes filosofia desde cedo.

Um mordomo que não entende metáforas e abomina armas, um coronel sensível que por vezes enfeita o cabelo com flores, a menina Frantiska que mora na casa vizinha e que adora que lhe empurrem o baloiço enquanto concebe estranhas teorias, são algumas das personagens inverosímeis que influenciam o jovem Jozef, também ele atreito a elaborar uma teoria sobre "o problema da dispersão e a lei de Andronikos relativa à árvore de Dioscórides". Complicado? Nem por isso, já que adolescentes cheios de certezas teóricas nunca faltaram, nem faltarão. Até ao pintor se esconder debaixo do lava-loiças de um fotógrafo da Figueira da Foz, pois, só várias páginas depois e muitos anos volvidos...

O livro é muito imagético e recheado de metáforas, onde se sucedem frases sentenciosas e de uma certeza inabalável, para nos capítulos seguintes descobrirmos que, afinal, certezas e teorias também podem cair por terra, mesmo que já seja tarde para emendar o engano. Não se trata da defesa desta ou daquela "verdade", mas de sintética, ingénua e quase poeticamente traçar a linha dos pensamentos de um ser humano, à medida que cresce e evolui. Surrealista, também!

Citações:

"- Parece-me uma grande felicidade que, quando se olhe para o mundo, pareça sempre que é a primeira vez que o fazemos."

"As esquinas são propícias às cervejarias, pois parece que chamam clientes de um lado e do outro, fregueses perpendiculares que se cruzam a meio de uma cerveja."

"- Somos mesmo esquisitos: a escuridão cega-nos e a luz também. Os olhos fechados deixam-nos sozinhos. Os olhos abertos mandam-nos para a prisão."

"Só sobrevivemos numa corda muito fina estendida sobre um abismo. Todo o ser vivo é um equilibrista. Todo o ser vivo é um mau equilibrista. Acabará sempre por cair." 

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