segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Por quê ler em voz alta?




Sabia que existe uma maneira de melhorar as competências de uma criança na escola?  Que é uma maneira divertida e deliciosa, que fortalecerá a ligação da criança com a escola? E que não tem de pagar nada por ela, é grátis? Parece bom demais para ser verdade? Na verdade, não é. O método mágico: ler em voz alta para o seu filho.
 Quem o assegura é a organização norte-americana Read Aloud, cujo slogan é Leia em Voz Alta 15 minutos. Cada criança. Cada Pai/Mãe. Cada Dia.

Esta organização sustenta o seu trabalho em investigações científicas e opiniões reputadas, para que não se situe apenas no domínio da opinião, mas no âmbito da(s) ciência(s) da educação. Assim, por exemplo, cita uma pesquisa recente segundo a qual a leitura em família é uma das técnicas mais eficazes, uma vez que se demonstrou que as crianças cujos pais leem em voz alta adquirem competências de linguagem e chegam mais bem preparadas à escola. "Ler em voz alta para crianças pequenas, particularmente de forma envolvente, promove a alfabetização emergente e o desenvolvimento da linguagem e apoia a relação entre a criança e os pais", pode ler-se nos Archives of Disease in Childhood. A estes benefícios, pode acrescentar-se a aquisição de vocabulário, a melhoria da capacidade de aprender a ler e, talvez mais importante, a promoção do amor aos livros e à leitura, ao longo da vida.

Jim Trelease, no best-seller, The Read-Aloud Handbook defende que, sempre que lemos para uma criança, estamos a enviar uma mensagem de "prazer" para o seu cérebro. E isto é importante quando a atenção da criança é reclamada pela televisão, pelos filmes, pela Internet, pelos videojogos e as inúmeras atividades pós-escola. Além disso, as experiências negativas de/com a leitura - frustrações em aprender a ler ou o tédio de algumas «leituras escolares» - podem afastar as crianças da leitura e ter consequências a longo prazo. Ainda segundo Jim Trelease, os alunos que leem muito e o melhor, conseguem melhores resultados e permanecem mais tempo na escola.

A leitura em voz alta é, de acordo com o histórico relatório norte-americano de 1985, intitulado Becoming a Nation of Readers, "a atividade mais importante para a construção do conhecimento necessário para o sucesso final na leitura".

Apesar deste conselho, conclui o Read Aloud, alguns educadores e muitos pais não leem em voz alta para crianças desde cedo e, portanto, não conseguem cultivar leitores ávidos e habilidosos. E isso é especialmente verdadeiro para crianças com famílias de baixa rendimento. De acordo com o Fórum Interagência Federal sobre Estatísticas da Criança e da Família americano, apenas 48% das famílias abaixo do nível de pobreza liam aos seus pré-escolares todos os dias, em comparação com 64% das famílias cujos rendimentos atingiram o nível de pobreza ou acima desse nível. As crianças de famílias de baixo rendimento também são menos propensas a contactar com materiais impressos.

A boa notícia para todas as famílias é que este sábio pedaço de sabedoria parental é fácil de seguir. Ler em voz alta para o seu filho requer apenas um livro livre, um cartão de biblioteca (se necessário) e sua vontade de passar um pouco de tempo de qualidade com ele(s). E enquanto os sacrifícios para ler em voz alta são poucos, os benefícios são muitos: o seu filho pode aprender a ler melhor, a pensar melhor, a imaginar mais ricamente e a tornar-se um leitor apaixonado e permanente. Mais do que esses benefícios a longo prazo, no entanto, são os benefícios imediatos: o prazer de passar o tempo com seu filho e partilhar o prazer de um bom livro.

Texto retirado daqui.

Leitura

A leitura é o alimento do cérebro, um terrível perigo para a ignorância. Que a leitura vos acompanhe!


quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

136º aniversário do nascimento de Virgínia Woolf


"Virginia Woolf nasceu em Londres a 25 de janeiro de 1882, filha de Sir Leslie Stephen, escritor e historiador ilustre da Inglaterra vitoriana. Desde cedo ligada a grupos de intelectuais, casou em 1912 com Leonard Woolf e com ele fundou a editora Hogarth Press, responsável pela revelação de autores como Katherine Mansfield e T. S. Eliot e pela publicação das suas próprias obras. Reconhecida como uma das mais proeminentes figuras do modernismo britânico, destacam-se entre os seus trabalhos os romances Mrs Dalloway (1925), Orlando (1928) e As Ondas (1931), assim como o ensaio Um Quarto que Seja Seu (1929). Após sucessivas crises depressivas e não suportando o isolamento provocado pelo agravar da Segunda Guerra Mundial, suicida-se a 28 de março de 1941, em Lewes."


Breve Bibliografia da Autora (edições em português):

A Viagem, Publicações Europa-América
Mrs. Dalloway , Livros do Brasil
As Ondas, Ed. Relógio D’Água
Orlando, Ed. Relógio D’Água
Rumo ao Farol, Ed. Afrontamento
Um Quarto só para si, Ed. Relógio D’Água
Os Anos, Ed. Relógio D’Água
A Casa Assombrada, Ed. Relógio D’Água
Entre os Actos, Ed. Cotovia
O Quarto de Jacob, Ed. Cotovia
Flush, Uma Biografia. Flush, Ed. Afrontamento
Londres, Ed. Relógio D’Água
Os Contos de Virginia WoolfEd. Relógio D’Água
Cartas a Jovens Poetas, Rainer M. Rilke e Virginia Woolf, Ed. Relógio D’Água
A Viúva e o papagaio, Porto Editora
Momentos de vida, Ed. Ponto de Fuga
Fantasmagorias, ED. Feitoria dos Livros
Noite e diaEd. Relógio D’Água
Ensaios escolhidosEd. Relógio D’Água
Obras escolhidas IEd. Relógio D’Água
Obras escolhidas IIEd. Relógio D’Água


A  Biblioteca disponibiliza para empréstimo, as seguintes obras:



"Imprevisível, divertido e inteligente, este conto acompanha a aventura da Sra. Gage, uma velha viúva que descobre uma herança inesperada com a ajuda de um papagaio invulgar. "Não está ninguém em casa!", "Não está ninguém em casa!" é só o que o papagaio James sabe dizer, mas ele esconde um segredo, assim como esta história esconde uma lição…

Este livro é também recomendado pelo Plano Nacional de Leitura para o 5.º ano de escolaridade."

Esta obra pode ser lida aqui.

"As Ondas é considerado o melhor e o mais radical romance de Virginia Woolf - um desses raros escritores que nasceu no «instante em que uma estrela se pôs a pensar».
Marguerite Yourcenar, sua tradutora francesa, descreveu assim este romance: «As Ondas é um livro com seis personagens, ou melhor seis instrumentos musicais, pois consiste unicamente em monólogos interiores, cujas curvas se sucedem e entrecruzam com uma segurança que lembra A Arte da Fuga de Bach. Nesta narrativa musical, os breves pensamentos de infância, as rápidas reflexões sobre os momentos de juventude e de confiante camaradagem desempenham o mesmo papel dos allegros nas sinfonias de Mozart, abrindo espaço para os lentos andantes dos imensos solilóquios sobre a experiência, a solidão e a maturidade. Tanto como uma meditação sobre a vida, As Ondas são um ensaio sobre a solidão. Trata-se de seis crianças, três raparigas, Rhoda, Jinny e Susan; e de três rapazes, Louis, Neville e Bernard, que vemos crescer, diferenciarem-se e envelhecer. Uma sétima criança, que nunca toma a palavra e que só conhecemos através dos outros, é o centro do livro ou melhor o seu coração.»
Mais que uma música admirável que a imaginação oferece à inteligência, As Ondas é um livro sobre a impossibilidade do ser."

Pode, se quiser, ler este livro aqui.

Quer saber por onde começar a ler Virgínia Woolf? É só seguir os conselhos desta fã.



Aqui, pode fazer o download das obras de Virgínia Woolf.

Frases célebres de Virginia Woolf

A vida é como um sonho; é o acordar que nos mata.

As mulheres, durante séculos, serviram de espelho aos homens por possuírem o poder mágico e delicioso de reflectirem uma imagem do homem duas vezes maior que o natural.

Cada um tem o seu passado fechado em si, tal como um livro que se conhece de cor, livro de que os amigos apenas levam o título.

Escrever é que é o verdadeiro prazer; ser lido é um prazer superficial.

É muito mais difícil matar um fantasma do que matar uma realidade.

A coisa nenhuma deveria ser dado um nome, pois há perigo de que esse nome a transforme.

Uma paixão tão completamente centrada em si recusa o resto do mundo tal como a água límpida e calma filtra todas as matérias estranhas.

Se você não contar a verdade sobre si mesmo, você não pode contar a verdade sobre as outras pessoas.

Pensei o quanto desconfortável é ser trancado do lado de fora; e pensei o quanto é pior, talvez, ser trancado no lado de dentro.

Não se acha a paz evitando a vida.

Sono, essa deplorável redução do prazer da vida.

Encarar a vida pela frente... Sempre... Encarar a vida pela frente, e vê-la como ela é... Por fim, entendê-la e amá-la pelo que ela é... E depois deixá-la seguir... Sempre os anos entre nós, sempre os anos... Sempre o amor... Sempre a razão... Sempre o tempo... Sempre... As horas.

Os olhos dos outros são prisões; seus pensamentos nossas celas.

Algumas pessoas procuram os padres; outras a poesia; eu os meus amigos.

Estas são as mudanças da alma. Eu não acredito em envelhecimento. Eu acredito em alterar para sempre o aspecto de alguém para a luz. Eis meu otimismo.

O meu maior desejo sempre foi o de aumentar a noite para a conseguir encher de sonhos.

De tudo que existe, nada é tão estranho como as relações humanas, com suas mudanças, sua extraordinária irracionalidade.

Depender de uma profissão é uma forma menos odiosa de escravidão do que depender de um pai.

O efeito da morte sobre aqueles que continuam vivos é sempre estranho, e muitas vezes terrível, pela destruição de desejos inocentes.

Realmente, eu não gosto da natureza humana a menos que esteja toda temperada com arte.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Amadeo vem à Escola

Está patente, na Biblioteca, uma pequena exposição denominada "Amadeo vem à Escola". São trabalhos realizados por alunos do Agrupamento de Escolas Infanta D. Mafalda, num trabalho conjunto com o Museu Soares dos Reis , na sequência da exposição de Amadeo de Souza Cardoso.








Fazendo a leitura do código QR ou seguindo este link, poderão ter acesso ao friso cronológico sobre a vida e obra do pintor.

Agradecemos à Biblioteca, na pessoa da Professora Manuela Baptista, a cedência destes trabalhos.

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

A infinita fiandeira



"Se quiser falar ao coração dos homens, há que contar uma história. Dessas onde não faltem animais, ou deuses ou muita fantasia. Porque é assim, suave  e docemente que se despertam consciências"

La Fontaine





A infinita fiandeira

(A aranha ateia
diz ao aranho na teia:
o nosso amor
está por um fio!)

A aranha, aquela aranha, era tão única: não parava de fazer teias! Fazia-as de todos os tamanhos e formas. Havia, contudo, um senão: ela fazia-as, mas não lhes dava utilidade. O bicho repaginava o mundo. Contudo, sempre inacabava as suas obras. Ao fio e ao cabo, ela já amealhava uma porção de teias que só ganhavam senso no rebrilho das manhãs.
E dia e noite: dos seus palpos primavam obras, com belezas de cacimbo gotejando, rendas e rendilhados. Tudo sem fim nem finalidade. Todo o bom aracnídeo sabe que a teia cumpre as fatais funções: lençol de núpcias, armadilha de caçador. Todos sabem, menos a nossa aranhinha, em suas distraiçoeiras funções.
Para a mãe-aranha aquilo não passava de mau senso. Para quê tanto labor se depois não se dava a indevida aplicação? Mas a jovem aranhiça não fazia ouvidos. E alfaiatava, alfinetava, cegava os nós. Tecia e retecia o fio, entrelaçava e reentrelaçava mais e mais teia. Sem nunca fazer morada em nenhuma. Recusava a utilitária vocação da sua espécie.
- Não faço teias por instinto.
- Então, faz porquê?
- Faço por arte.
Benzia-se a mãe, rezava o pai. Mas nem com preces. A filha saiu pelo mundo em ofício de infinita teceloa. E em cantos e recantos deixava a sua marca, o engenho da sua seda. Os pais, após concertação, a mandaram chamar. A mãe:
- Minha filha, quando é que assentas as patas na parede?
E o pai:
- Já eu me vejo em palpos de mim...
Em choro múltiplo, a mãe limpou as lágrimas dos muitos olhos enquanto disse:
- Estamos recebendo queixas do aranhal.
- O que é que dizem, mãe?
- Dizem que isso só pode ser doença apanhada de outras criaturas.
Até que se decidiram: a jovem aranha tinha que ser reconduzida aos seus mandos genéticos. Aquele devaneio seria causado por falta de namorado. A moça seria até virgem, não tendo nunca digerido um machito. E organizaram um amoroso encontro.
- Vai ver que custa menos que engolir mosca - disse a mãe.
E aconteceu. Contudo, ao invés de devorar o singelo namorador, a aranha namorou e ficou enamorada. Os dois deram-se os apêndices e dançaram ao som de uma brisa que fazia vibrar a teia. Ou seria a teia que fabricava a brisa?
A aranhiça levou o namorado a visitar a sua colecção de teias, ele que escolhesse uma, ficaria prova de seu amor.
A família desiludida consultou o Deus dos bichos, para reclamar da fabricação daquele espécime.
Uma aranha assim, com mania de gente? Na sua alta teia, o Deus dos bichos quis saber o que poderia fazer. Pediram que ela transitasse para humana. E assim sucedeu: num golpe divino, a aranha foi convertida em pessoa. Quando ela, já transfigurada, se apresentou no mundo dos humanos logo lhe exigiram a imediata identificação. Quem era, o que fazia?
- Faço arte.
- Arte?
E os humanos se entreolharam, intrigados. Desconheciam o que fosse arte. Em que consistia? Até que um, mais-velho, se lembrou. Que houvera um tempo, em tempos de que já se perdera memória, em que alguns se ocupavam de tais improdutivos afazeres. Felizmente, isso tinha acabado, e os poucos que teimavam em criar esses pouco rentáveis produtos - chamados de obras de arte - tinham sido geneticamente transmutados em bichos. Não se lembrava bem em que bichos. Aranhas, ao que parece.


Mia Couto, In O Fio das Missangas

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

As 10 maiores consequências dos contos infantis na formação da personalidade das crianças.

As histórias infantis são importantes na vida das crianças. É através dessas histórias, das suas personagens favoritas, que elas aprendem a enfrentar os medos,a ultrapassar obstáculos e  a lutar pelos seus objetivos.

Fotografia: Elena Shumilova

1- Ajudam a criança a lidar com as dificuldades e seus sentimentos!

Os contos ajudam a criança a lidar com as dificuldades do seu dia a dia e a elaborar melhor os sentimentos negativos tão comuns na primeira infância, como medo, frustração, abandono, rejeição, rivalidade entre irmãos, inveja, relação com os pais, inferioridade, vingança etc. Por isso, elas pedem para ler diversas vezes a mesma história.

2- Aprendem a diferença entre o bom e o mau!

Os contos mostram que existem os bons e os maus, deixando transparecer valores sempre atuais. A bruxa, o lobo, o pirata e outros personagens más, representam sentimentos ruins, são arquétipos desses sentimentos, portanto querer que estes personagens morram não é uma atitude violenta, mas sim a necessidade de acabar com estes sentimentos ruins. É preciso lembrar que nas histórias a morte não é violência, é o símbolo da transformação que vai ajudar a criança a elaborar os sentimentos ou sensações que a incomodam.
Não devemos nos preocupar quando a criança festeja a morte desses personagens, eles representam seus medos e esta é a forma que ela tem de vencê-los ou elaborar estes sentimentos que a angustiam.

3- Aprendem a lidar com as frustrações!

Reconhecer a dor e aceitá-la é um meio de superá-la e assim ser feliz. As crianças aceitam com mais naturalidade as desilusões que encontrarão no dia a dia, pois sabem que, à semelhança do que acontece nos contos de fadas, os esforços desprendidos hão de ter uma grandiosa recompensa.

4- Por meio das histórias podemos trabalhar sentimentos e sensações muito presentes nas crianças!

Ingenuidade: Branca de Neve e Pinóquio (acreditam no personagem do mal)
Feiura: Patinho Feio (um irmão mais bonito do que o outro)
Medo: Chapeuzinho Vermelho, Aladim (medo de estranhos)
Inexperiência: Os Três Porquinhos (o irmão mais velho sabe tudo)
Insegurança: Alice no Pais das Maravilhas, Mogli, Peter Pan (sentir-se inseguro diante de situações novas)
Rejeição: Cinderela
Culpa: Rei Leão, Pinóquio
Dor: A Pequena Sereia
Abandono: João e Maria (sentimento de abandono pela ausência dos pais)

5- Podemos trabalhar o conceito de “finitude”!

Tudo na vida tem um começo, meio e fim. As crianças precisam saber que as pessoas não são como os personagens dos desenhos ou jogos eletrônicos, que nunca morrem. Diante de tanta tecnologia, nunca os contos foram tão importantes e necessários na vida da criança como hoje.

6- Aprendem o “limite”!

Por meio dos contos de fadas a criança consegue discernir o certo do errado, o que pode e o que não pode fazer, enfim, reconhece o sim e o não.

7- Aprendem a ética e valores importantes da vida humana! 

Os contos de fada sobreviveram ao tempo justamente porque contêm ensinamentos que falam à alma da criança, falam de valores imutáveis, caso contrário já teriam desaparecido, apagados pelo tempo e caídos no esquecimento.
Passar valores à criança é algo complexo. As histórias são, por isso, um meio facilitador de resolver algumas das questões que esta tarefa nos coloca. Se, por um lado, divertem as crianças, estimulam a sua curiosidade e promovem competências cognitivas e de oralidade, por outro lado são também a forma de concretizarmos alguns dos valores que consideramos aceitáveis e oportunos transmitir à criança.
Por isso, os pais devem usar e abusar dos contos. Só assim poderão sonhar com um final feliz para nossa sociedade tão carente dos verdadeiros valores.

8- Tornam-se otimistas e com vontade de vencer obstáculos!

Os contos de fadas exercem uma influência muito benéfica na formação da personalidade porque, pela assimilação dos conteúdos da estória, as crianças aprendem que é possível vencer obstáculos e saírem vitoriosas (o herói sempre vence no final). Isso ocorre porque, durante o desenrolar da trama, a criança identifica-se com as personagens e “vive” o drama que ali é apresentado de uma forma geralmente simples, porém impactante.
Essas estórias de contos de fadas normalmente começam com “Era uma vez…” e terminam com “viveram felizes para sempre”. Essa ideia cria a esperança de que as coisas na vida podem dar certo e elas podem ter sucesso em suas dificuldades.

9- Cada criança interpreta a estória da sua forma, entenda qual o significado do conto para seu filho! 

Os contos de fadas possuem significados e significantes diferentes em determinadas faixas etárias, como por exemplo, ter um significado para uma criança de cinco anos e outro para uma de treze na mesma estória, já que as situações, os sentimentos, os desejos e anseios são outros.

10- Serão adultos mais felizes!

Os contos de fadas são para serem escutados, apreciados e interiorizados, cumprindo desta forma com seu papel que é a construção da personalidade infantil, criando bases sólidas que favoreçam o desenvolvimento intelectual, moral e psíquico. Dessa forma, ao  tornarem-se adultos, saberão resolver dificuldades, terão uma estrutura mais forte para aguentar os seus problemas e saberão que mesmo depois de tantas amarguras terão uma recompensa que será a resolução do que os afligia. Pode não ser a resolução esperada, mas uma coisa é certa: sempre haverá a possibilidade para uma nova descoberta e um recomeço, pois a beleza da vida é justamente lutar por seus ideais e conquistá-los. E isso, só os contos de fadas são capazes de proporcionar ainda na tenra idade!

Texto retirado daqui.

sábado, 20 de janeiro de 2018

Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto


"Esquecer o Holocausto, é matar duas vezes"
Elie Wiesel, sobrevivente do Holocausto 
e prémio Nobel da Paz em 1986




“Pensei nos prisioneiros que permaneceram nus com um tempo gelado, afastado das suas famílias, despidos dos seus cabelos enquanto se preparavam para as câmaras de gás. Pensei também nos que eram mantidos vivos apenas para trabalhar até a morte. Acima de tudo, refleti no quão incompreensível o Holocausto permanece hoje. A crueldade foi tão profunda, a sua escala tão grande, a visão dos Nazis tão distorcida e extrema e o extermínio tão organizado e naturalmente calculado.”
(retirado daqui)



O Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto comemora-se no dia 27 de janeiro, pois, nessa data, no ano de 1945, há exatamente 73 anos, os Aliados libertaram o campo de concentração de Auschwitz-Bikernau, símbolo máximo da barbárie e da desumanidade Nazi.
Recordar este período negro da História da Humanidade e assegurar que não se repete é um dever de todos.

Lembremos todas as vítimas do Holocausto, mas celebremos, também, a coragem daqueles que, com risco da própria vida, optaram por fazer o que consideraram ser correto: Aristides de Sousa Mendes, AlbertoTeixeira Branquinho, Carlos Sampaio Garrido ou o Padre Joaquim Carreira.









Na Biblioteca há livros que ajudam a conhecer melhor este tempo duro e amargo da história :




Este é um livro de José Jorge Letria sobre os horrores do holocausto quando as pessoas deixam de ter nome e passam a ser números…
Pode ser lido aqui.

"Aristides de Sousa Mendes (1885-1954) foi o diplomata português que, à revelia de Salazar, emitiu mais de 300 mil passaportes que salvaram outros tantos judeus do terror nazi. “O diplomata português sabia que ia ser punido, mas talvez não tenha previsto a severidade do castigo. Foi-lhe movido um processo disciplinar na sequência do qual ficou proibido de exercer qualquer actividade profissional, o que o levou a morrer na miséria, em 1954, com a família dispersa e sujeita a enormes privações”, ... Pagou a coragem do humanismo com a demissão do cargo, a miséria e a humilhação. A justiça chegou mas tardou. O 25 de Abril de 1974 resgatou o País à ditadura e Aristides ao esquecimento."



"A Segunda Guerra Mundial está em curso. Os tempos são difíceis na Polónia, especialmente para os judeus. Alex é judeu e tem onze anos. Quando a sua mãe desaparece e o pai é “selecionado” pelo exército alemão para ir para um destino desconhecido, Alex, completamente sozinho, é obrigado a refugiar-se num edifício abandonado na Rua dos Pássaros onde vai aguentar um Inverno. Pacientemente, sem pressas, Alex vai sobrevivendo, enquanto espera o regresso do pai. Por um nicho de luz, Alex consegue vislumbrar os escombros, a degradação e miséria total a que aquela terra, outrora tão apetecível, foi votada.

Coragem e valentia não são excecionais em tempo de guerra, mas Alex só tem 11 anos e a sua história é, na verdade, sobre o desejo de alguém vencer a crueldade e a injustiça."



"Heinrich e Jósef conheceram-se na Polónia. Heinrich tinha chegado há pouco tempo da Alemanha, porque o pai não queria que o filho crescesse num país onde então dominavam o ódio, o preconceito, o abuso do poder e todas as formas de fanatismo. Naquele tempo, o homem que tinha subido ao poder resolveu dominar o mundo e perseguir todos aqueles que considerava serem de raças inferiores como os judeus ou os ciganos, e também todas as pessoas que lhe opusessem resistência. Esse homem chamava-se Adolf Hitler. Esta história, escrita com grande sensibilidade, conta-nos como Heinrich, e o seu amigo judeu, Jósef, apesar de tudo o que sofreram, conseguiram manter uma amizade que ficou para a vida. A autora mostra-nos ainda como o amor pelos livros e pela leitura, e a capacidade humana de criar beleza são importantes para promover a paz entre os povos. O Caderno do Avô Heinrich foi considerado um dos melhores livros de 2013 pela jornalista Carla Maia de Almeida."

(Clicar sobre a imagem para ler o livro)

"Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para apoio a projetos relacionados com a História Universal no 3º ciclo.

"Nasci em 1944. Não sei a data exacta do meu nascimento. Não sei que nome me puseram. Não sei em que cidade ou em que país vim ao mundo. Também não sei se tive irmãos. O que sei com certeza, é que quando tinha apenas uns meses me salvei do Holocausto…"

As ilustrações de Roberto Innocenti reforçam os profundos sentimentos que transmite a autora. O seu estilo é absolutamente realista, como fotogramas de um filme: pinta com uma paleta de cinzentos as imagens evocativas da história e reserva a cor para cenas pontuais, jogando com o passado e com o presente."


Podem, também, ser  consultados/requisitados os documentos que pode ver  aqui.

Também o DVD sobre os Direitos Humanos


pode ser requisitado. Nele, cada um dos 30 artigos da Declaração Universal para os Direitos Humanos está disponível como um anúncio, com a duração de trinta segundos a um minuto. Deste DVD faz ainda parte uma curta-metragem que conta a história de um miúdo que luta pelo seu direito de jogar basquetebol.
Estes pequenos filmes podem, também, ser vistos aqui.
Para mais informação ir aqui e aqui.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

O presente!


Esta curta-metragem conta a história de um menino que prefere passar o tempo a jogar em vez de descobrir o que está lá fora.
Um dia, a mãe decide oferecer-lhe um presente que lhe dificulta a concentração necessária para jogar...

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

A Casa do João . Revista de Literatura Infantil e Juvenil


Saiu a revista nº2 de "A Casa do João" de João Manuel Ribeiro. Ela pode ser lida aqui e descarregada aqui.

São temas desta revista:

EDITORIAL 
Viajar, ler e sonhar… 
UM CONTO POR DIA DÁ 
SAÚDE E ALEGRIA! 
A Mala- uma farsa de amor 
Texto inédito de Pedro Seromenho 
FALÁMOS COM 
Entrevista a Pedro Seromenho 
FOMOS VER 
Entrevista a Sebastião Peixoto 
OS NOSSOS PARCEIROS 
EducArte: Educação Artística no Pré-Escolar 
UAU! 
Poesia e Música 
LEMOS, GOSTÁMOS E… 
RECOMENDAMOS! 
APROVEITA E EXPLORA 
Dicas de escrita 
A PALAVRA É TUA 
Pequenos grandes escritores 
PARTICIPA NISTO 
Passatempo do trimestre 
PARA BRINCALHARES 
SAIU NA IMPRENSA 
NOTÍCIAS


quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Regressar a casa


"Em pouco mais de um minuto, esta encantadora história tem a capacidade de despertar um sentimento universal em todos nós. Está inserido na categoria Família, pois demonstra a imensa importância da mesma nas nossas vidas.

 Pode visitar o blogue oficial da autora, Natalia Chernysheva, e conhecer em pormenor os seus desenhos e animações com um estilo bastante característico."

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Provérbios de janeiro


A água de janeiro, vale dinheiro.
Janeiro quente traz o diabo no ventre.
Ao luar de janeiro, se conta dinheiro.
Em janeiro, um porco ao sol outro no fumeiro.
Os bons dias em janeiro vêm-se a pagar em fevereiro.
 A 20 de janeiro, uma hora por inteiro e quem bem contar, hora e meia vai achar.
Se queres ser bom ervilheiro, semeia no crescente de janeiro.
Janeiro greleiro, não enche o celeiro.
Em janeiro sobe ao outeiro. Se vires verdejar, põe-te a chorar. Se vires terrear põe-te a cantar.
Ao minguante de janeiro, corta o madeiro.
Não há luar como o de janeiro, nem amor como o primeiro.
Bons dias em janeiro enganam o homem em fevereiro.
Chuva em janeiro e sem frio, vai dar riqueza ao Estio.
janeiro fora, mais uma hora, quem bem souber contar hora e meia vai achar.
No mês de janeiro sobe ao outeiro para ver o nevoeiro.
Pescada de janeiro , vale carneiro.
Sol de janeiro , sempre baixo no outeiro.
Trovoada em janeiro , nem bom prado, nem bom palheiro.
Em janeiro, acende a fogueira e senta-te à lareira.
Janeiro geoso traz um ano formoso.
Janeiro molhado, se não cria pão, cria o gado.
A vinte de janeiro uma hora por inteiro.
Se para a tua casa precisas de madeiro corta-o em Janeiro.
Em janeiro mete obreiro.
Janeiro bom para a vaca, é mau para saca.
Secura de janeiro riqueza do rendeiro.
Pintainho de janeiro , vai com a mãe ao poleiro.
Janeiro frio e molhado. Enche o celeiro e farta o gado.
Trovão em janeiro, nem bom prado nem bom palheiro.
Janeiro geadeiro.
Não há luar como o de janeiro nem sol como o de agosto.
Em janeiro , os dias têm saltos de carneiro.
Em janeiro veste pele de carneiro.
O luar de janeiro, é claro como um carneiro; mas lá vem o de agosto que lhe dá pelo rosto.
Chuva em janeiro e sem frio, vai dar riqueza ao Estio.
No mês de janeiro sobe ao outeiro para ver o nevoeiro.
Pescada de janeiro, vale carneiro.
Sol de janeiro, sempre baixo no outeiro.
Calça branca em janeiro é sinal de pouco dinheiro.
Janeiro geoso traz um ano formoso.
Janeiro molhado, se não cria pão, cria o gado.
A vinte de Janeiro uma hora por inteiro.
Se para a tua casa precisas de madeiro corta-o em Janeiro.
Em Janeiro mete obreiro.
Janeiro bom para a vaca, é mau para saca.
Secura de Janeiro riqueza do rendeiro.



Texto retirado daqui.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Mia Couto: A tribo de contadores de histórias




    
Você tem contado histórias para seus filhos? Histórias de sua família, de sua vida, de seus livros favoritos? É difícil falar sobre a importância das narrativas nas vidas das crianças, mas existe alguém capaz de discutir a arte da contação e da escuta com a poesia necessária para esta bela tarefa: Mia Couto.

Nesta entrevista especial, ele foca neste que é um dos seus mais recorrentes e adorados assuntos, o valor das histórias na infância: "quando a criança pede ao pai, à mãe ou a alguém que lhe conte uma história, ela nunca é exatamente repetida. Há ali uma recriação e a criança percebe que esse momento a torna também criadora."

Gostaria de perguntar sobre o seu processo de escuta. De que forma começou a escutar essa oralidade que transpõe para a palavra escrita?
Mia Couto: Começou em casa, quando começa tudo. Havia ali essa tentação de escutar e vivia-se em um ambiente de histórias. Meus pais, sendo imigrantes portugueses, eram contadores de histórias e sofriam daquele mal da saudade, então tinham de reinventar o país que deixaram. As primeiras grandes viagens que fiz foi por meio da escuta dessa narração. Também havia outra coisa: eu era o que ficava calado, os meus irmãos falavam. Digamos que percebi que havia quase uma repartição de funções. Cabia a mim escutar, e isso foi uma grande escola.

Quando o senhor começou a achar que era hora de transpor essas vozes para a escrita?
Mia Couto: Essa África onde eu vivo é uma sociedade que escuta. As pessoas escutam os outros e, na conversa, há uma distribuição de tempos: o tempo da fala e o tempo da escuta, como se por turnos as pessoas soubessem o que têm de fazer. 
Acho que houve um momento em que eu, já jornalista, fui tentado a escrever as histórias que escutava. Essas histórias estavam tão vivas, tinham tanta força, que pediam que fossem transportadas dessa oralidade para a escrita. 
Mas aí percebi que a própria escrita tinha de mudar. Aquela que eu sabia e reconhecia não acomodava essa riqueza, essa coloração e, sobretudo, a música, a prosódia. Comecei a procura de uma escrita que fosse plástica e permitisse essa inundação da oralidade.
Fiz um primeiro livro (Vozes Anoitecidas, 1987) já muito influenciado por um angolano chamado Luandino Vieira, que abriu portas à oralidade da sua cidade, Luanda, e li uma entrevista em que ele fazia referência à influência de João Guimarães Rosa em seu trabalho.
Então, fui à procura de Guimarães Rosa. Nos meus livros seguintes, como Estórias Abensonhadas (1994), já tive esse encontro, que realmente foi importante porque havia ali uma legitimação: é possível fazer isso, é possível deixar entrar essas vozes.

Em sua conferência ao Fronteiras do Pensamento, Edgar Morin disse que a poesia da vida é mais importante que a felicidade. O senhor concorda? Acha que falta poesia no mundo? 
Mia Couto: Provavelmente a felicidade implica sempre uma poesia do mundo. Não sei o contexto dessa frase, mas dita assim parece que há uma dicotomia entre felicidade e poesia.
Não vejo outra maneira de reconquistarmos um sentido de felicidade que seja pleno, que não vá por esse caminho de nos restituir um olhar poético. O olhar poético não é alguma coisa que tenha a ver com a poesia escrita ou como gênero literário, mas tem a ver com aceitarmos que essa linguagem dos sonhos é uma linguagem válida, que nos ajuda a ler o mundo.

O senhor mencionou o perigo de entregar a máquinas -- como televisão, computadores e tablets -- a tarefa de contar histórias às crianças. Por que isso é perigoso e como reencontrar o tempo para contar histórias?
Mia Couto: Acho que é perigoso, porque contar de histórias não é simplesmente transmitir de alguma coisa que já está feita. No momento em que se conta a história a alguém, não há ali uma escuta mecânica, mas sim qualquer coisa que cria, sobretudo, a construção de uma relação entre pessoas e, obviamente, a máquina não pode fazer isso.
A construção dessa relação interpessoal e do apetite por ela marca: é como se a história existisse só para criar essa rede, essa capacidade de estarmos juntos, de escutarmos, de sermos outros.
Claro, há um momento em que a máquina pode estar ligada e cumpre a função de “anestesiar" a criança, mas falo é da ausência do resto. A máquina passa a ser a exclusiva ligação com a fantasia, e a criança é colocada desde o princípio só como consumidora de uma imagem que já está feita em definitivo e ela pode voltar e ver da mesma maneira mil vezes.
Mas quando a criança pede ao pai, à mãe ou a alguém que lhe conte uma história, ela nunca é exatamente repetida. Há ali uma recriação e a criança percebe que esse momento a torna também criadora.

Entre as suas identidades está a de biólogo, e o senhor já classificou a biologia como uma “indisciplina científica". Como essa identidade entra em sua literatura?
Mia Couto: De uma forma que é absolutamente vital. Está onipresente aquilo que a biologia me entrega como uma linguagem e uma maneira de escutar.
A biologia prolongou esse apetite que tenho de escutar o mundo e de perceber que há ali vozes que tinham sido anuladas por certa visão antropocêntrica de que somos nós os únicos que temos alguma coisa a dizer. A maneira como abracei a biologia foi nessa procura de perceber linguagens e aprender códigos.
Hoje, sem ser de uma maneira metafórica, escuto a árvore, a planta, o bicho, porque de fato todas essas entidades querem dizer qualquer coisa além, não é? E por isso assumem cores e cheiros e diferenças de forma que me agrada muito escutar.

A literatura pode ser uma ponte para nos ajudar a refazer esses encontros também do ponto de vista da natureza?
Mia Couto: Sem dúvida. Assim como a biologia, porque é também uma narrativa que tem feito descobertas que deviam ser mais conhecidas nessa educação para nos ajudar a descentrar-nos de nós próprios.
Por exemplo, as recentes descobertas genéticas que mostram o quanto temos de não humano, o quanto de nosso material genético não é exatamente humano, o quanto da nossa composição celular e da constituição física devemos a outros que estão dentro de nós, e que não são tão outros assim, porque, se os tirássemos, morreríamos em segundos…
Dizemos que essas bactérias e esse mundo de micro-organismos são meros hospedeiros que estão dentro de nós. Mas percebermos que eles não são simplesmente hospedeiros, são de tal maneira simbióticos que nós somos eles, é uma espécie de cambalhota e de reviravolta do ponto de vista quase filosófico na maneira que apreendemos o mundo.

Por que a escolha por esse caminho chamado literatura?
Mia Couto: Não escolhi a literatura, escolhi a escrita, que é provavelmente outra coisa. A construção que fizeram da escrita me parece que a complicou muito, a intelectualizou e construiu um edifício com vários andares e hierarquias. Quando começamos a escrever e a querer usar a escrita do ponto de vista criativo, estamos muito longe da escolha dessa grande construção e dessa grande estrutura que é a literatura.
Eu sou salvo por ser várias coisas, e sempre que tenho de enfrentar “a" literatura, que depois se manifesta nessas coisas muito solenes dos congressos e das conferências, puxo logo o chapéu de biólogo…
Esse universo me apraz, mas na maior parte das vezes é uma grande chatice. Estão ali os grandes estudiosos, os filósofos, os próprios escritores que, algumas vezes, dão demasiada importância a si mesmos e àquilo que fazem, e estou sempre a pensar qual o momento que tenho para escapar ( risos). Esse discurso parece uma arrogância disfarçada de humildade, mas na verdade não sinto que pertenço a essa construção. Sou mais de uma pequena tribo que é a dos contadores de histórias, e podem fazer isso mesmo sem usarem da escrita.

Entrevista retirada daqui.