sábado, 25 de fevereiro de 2017

Da felicidade que vem nos livros.



Francisco José Viegas 

"Há livros que resumem vidas inteiras. E há livros que nos devolvem fragmentos da nossa própria vida – pedaços que já tínhamos perdido sem esperança de os reencontrar – mesmo aqueles que já tínhamos esquecido.

De cada vez que penso “nisso”, penso também nos lugares onde fui feliz com os livros e, de entre esses dois lugares, elejo dois: o Douro, no Verão quente à beira do rio; e numa das mais belas bibliotecas que visitei na infância: uma carrinha Citroen da Fundação Calouste Gulbenkian que, às quartas-feiras, religiosamente, estacionava no largo principal da aldeia onde eu passava férias (no Douro, o centro do meu mundo de então) e se enchia de gente que procurava uma água invisível para matar aquela sede feita de Verão, calor, preguiça, e imaginação.

Digo “imaginação” de propósito, porque não é possível falar de livros e de bibliotecas sem essa palavra, ou sem a palavra “sonhos”. Os livros são como os próprios sonhos: se se recordam é porque são realmente importantes. E se são realmente importantes é porque, de alguma forma, transformaram a nossa vida, ou perturbaram-na, ou tocaram-na em algum lugar.

Pouco há a escrever sobre uma biblioteca onde estão todas as palavras que poderíamos utilizar para a descrever e para a comentar – alinhadas em temas, em corredores onde o silêncio ou a penumbra, a luz ou o rumor do divertimento habitam como se fosse a sua casa. A biblioteca não é, por isso, apenas a casa do livro. Todas as imagens do mundo, do sonho, do riso, do medo, da dor, estão ali, abrigadas e aguardando a oportunidade de visitar quem as visita, folheando um livro, ignorando uma página em detrimento de outra, fechando um capítulo da consulta aos livros, que é como quem diz, da consulta ao mundo.

Dir-se-á que, provavelmente, o livro não traz a felicidade. Mas, também provavelmente, a imagem de felicidade que fomos construindo vem nos livros – e há-de ter um livro por perto. Um livro por onde copiar seja o que for.

Já se disse que a felicidade é um produto da nossa imaginação e da nossa cultura. Mas é nos livros que mais se fala dela – como um estado de espírito, uma ausência e um enigma. E dado que é na biblioteca que os livros se encontram (e em nossa casa, claro, e em qualquer lado, em qualquer lugar onde quisermos que eles estejam), é talvez aí que melhor se reconhece a perfeição e a imperfeição do mundo – a idéia ou o esquecimento da felicidade.

NEM SEMPRE É FÁCIL PENSAR UMA BIBLIOTECA: o que ela deve ter, o que ela deve oferecer, o que ela deve esquecer. É este, penso eu, um dos objectivos da biblioteca: fazer esquecer alguma coisa (o lembrar alguma coisa é objectivo comum, não vale a pena falarmos disso – deriva da idéia da biblioteca como grande reservatório do mundo), fazer-nos passear entre as estantes, esquecendo que o mundo está lá fora e que este mundo, o dos corredores repletos de livros, o das páginas revisitadas por prazer ou por obrigação, ou só por curiosidade, é que é o mundo verdadeiro. A vida eterna.

Falando sinceramente, a vida que vem nos livros é que é a verdadeira; foi nos livros que, pela primeira vez, ouvimos falar de amor; o primeiro gesto de renúncia, ou de medo, ou de alegria, aprende-se num livro, num fragmento de aventura ou de uma história escutada de dentro de um livro – esse instrumento afinadíssimo para escutarmos as grandes vozes, as que sussurram e as que gritam, as que vêm de longe para lembrar a distância que nos separa ou aproxima da felicidade, ou as que estão tão perto que apenas um levíssimo rumor basta para se tornarem mais reais.

Poderíamos repetir Lawrence Durrell (de Justine, do seu quarteto de Alexandria): podemos amar alguém, ou sofrer por alguém – ou, em alternativa, fazer literatura, isto é, escutar as vozes do mundo.

E, se falamos em felicidade, falamos também de perdição – ou seja, do direito, impossível de negar a um leitor, de se perder na magnífica contemplação de um título, de um parágrafo, sempre ao acaso das circunstancias que o levaram por este ou por aquele atalho. É assim, também, que um geógrafo amador persegue a textura dos solos, o contraste das paisagens, a contigüidade ou fragmentação do povoamento: seguindo ao acaso pelo mapa, anotando isto ou aquilo na sua memória, voltando a ela quando vem a propósito.


COMO NOS SONHOS, PORTANTO. Ou seja: deixando que as coisas aconteçam por dentro, que é o sítio onde tudo de importante acontece.

Provavelmente, dirão que esta visão do pequeno universo das bibliotecas é demasiado benévola e, também, «poética» em excesso. Mas não há outra forma de ver o assunto. A vida é demasiado séria – demasiado fugaz também, para que a levemos muito a sério, como seres cabisbaixos que recusam o enternecimento e o riso só porque se sabe (de antemão, claro que sim) que a vida é pesada o suficiente para nos entristecer. Não há outra forma de ver o assunto: as bibliotecas são ilhas, pequenos continentes onde a fantasia ainda é possível e desejada.

O importante é que, precisamente por isso tudo, as bibliotecas sejam focos de resistência. Eu explico: hoje em dia, só se pode ser feliz através dos sonhos – são o espaço de liberdade que nos resta, liberdade absoluta, possibilidade absoluta. Como os sonhos passam para os livros, eu não sei nem posso explicar, senão pelo acaso de aos livros ser possível recuperar aquilo que não se diz de outra forma. Com um livro nas mãos somos livres bem lá por dentro. Deve ser impressão minha, mas os livros acabem por ser a melhor escola de liberdade: em primeiro lugar, ensinam-nos a propriedade colectiva (mas não coerciva) dos sonhos; ensinam-nos que um sonho é partilhável e, por isso, o que vem num livro não diz respeito apenas a um leitor; ensinam-nos que o que vem num livro (os sonhos, as explicações, as interrogações, as perplexidades) já uniu outros sonhos a outros sonhos, outras explicações a outras explicações, outras interrogações a outras interrogações, outras perplexidades a outras perplexidades; ensinam-nos que a verdadeira felicidade só existe porque vem descrita nos livros – e, se vem nos livros, é porque os livros a copiaram de algum lado. É bom saber isso, que a felicidade existe em algum lado. De contrário, não tínhamos razões para procurar.

E quando se aproxima o Verão, quando a Primavera chega e transporta consigo esse desejo enorme de preguiça, sesta a meio da tarde, eu lembro-me do Douro e da meia centena de vezes que li “A Cidade e as Serras”, de Eça de Queirós – e lembro-me dessa biblioteca ingênua e inocente onde, às quartas-feiras pelo fim da tarde, a minha tia me levava para escolher alguns livros que nunca chegavam para uma semana de felicidade."

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

As bibliotecas são como aeroportos.



“As bibliotecas são como aeroportos. São lugares de viagem. Entramos numa biblioteca como quem  está a ponto de partir. E nada é pequeno quando tem uma biblioteca. O mundo inteiro pode ser convocado à força dos seus livros.
Todas as coisas do mundo podem ser chamadas a comparecer à força das palavras, para existirem diante de nós como matéria da imaginação. As bibliotecas são do tamanho do infinito e sabem toda a maravilha.
Os livros são família direta dos aviões, dos tapetes-voadores ou dos pássaros. Os livros são da família das nuvens e, como elas, sabem tornar-se invisíveis enquanto pairam, como se  entrassem para dentro do próprio ar, a ver o que existe dentro do ar que não se vê.
O leitor entra com o livro para dentro do ar que não se vê.
Com um pequeno sopro, o leitor muda para o outro lado do mundo ou para outro mundo, do avesso da realidade até ao avesso do tempo. Fora de tudo, fora da biblioteca. As bibliotecas não se importam que os leitores se sintam fora das bibliotecas.
Os livros são toupeiras, são minhocas, eles são troncos caídos, maduros de uma longevidade inteira, os livros escutam e falam ininterruptamente. São estações do ano, dos anos todos, desde o princípio do mundo e já do fim do mundo. Os livros esticam e tapam furos na cabeça. Eles sabem chover e fazer escuro, casam filhos e coram, choram, imaginam que mais tarde voltam ao início, a serem como crianças. Os livros têm crianças ao dependuro e giram como carrosséis para as ouvir rir. Os livros têm olhos para todos os lados e bisbilhotam o cima e baixo, o esquerda e direita de cada coisa ou coisa nenhuma. Nem pestanejam de tanta curiosidade. Querem ver e contar. Os livros é que contam.
As bibliotecas só aparentemente são casas sossegadas. O sossego das bibliotecas é a ingenuidade dos incautos. Porque elas são como festas ou batalhas contínuas e soam trombetas a cada instante e há sempre quem discuta com fervor o futuro, quem exija o futuro e seja destemido, merecedor da nossa confiança e da nossa fé.
Adianta pouco manter os livros de capas fechadas. Eles têm memória absoluta. Vão saber esperar até que alguém os abra.
Até que alguém se encoraje, esfaime, amadureça, reclame direito de seguir maior viagem. E vão oferecer tudo, uma e outra vez, generosos e abundantes. Os livros oferecem o que são, o que sabem, uma e outra vez, sem refilarem, sem se aborrecerem de encontrar infinitamente pessoas novas. Os livros gostam de pessoas que nunca pegaram neles, porque têm surpresas para elas e divertem-se a surpreender. Os livros divertem-se.
As pessoas que se tornam leitoras ficam logo mais espertas, até andam três centímetros mais altas, que é efeito de um orgulho saudável de estarem a fazer a coisa certa. Ler livros é uma coisa muito certa. As pessoas percebem isso imediatamente. E os livros não têm vertigens. Eles gostam de pessoas baixas e gostam de pessoas que ficam mais altas.
Depois da leitura de muitos livros pode ficar-se com uma inteligência admirável e a cabeça acende como se tivesse uma lâmpada dentro. É muito engraçado. Às vezes, os leitores são tão obstinados com a leitura que nem acendem a luz. Ficam com o livro perto do nariz a correr as linhas muito lentamente para serem capazes de ler. Os leitores mesmo inteligentes aprendem a ler tudo. Leem claramente o humor dos outros, a ansiedade, conseguem ler as tempestades e o silêncio, mesmo que seja um silêncio muito baixinho. Os melhores leitores, um dia, até aprendem a escrever. Aprendem a escrever livros. São como pessoas com palavras por fruto, como as árvores que dão maçãs ou laranjas. Dão palavras que fazem sentido e contam coisas às outras pessoas. Já vi gente a sair de dentro dos livros. Gente atarefada até com mudar o mundo. Saem das palavras e vestem-se à pressa com roupas diversas e vão porta fora a explicar descobertas importantes. Muita gente que vive dentro dos livros tem assuntos importantes para tratar. Precisamos de estar sempre atentos. Às vezes, compete-nos dar despacho. Sim, compete-nos pôr mãos ao trabalho. Mas sem medo. O trabalho que temos pela escola dos livros é normalmente um modo de ficarmos felizes.
Este texto é um abraço especial à biblioteca da escola Frei João, de Vila do Conde, e à biblioteca do Centro Escolar de Barqueiros, concelho de Barcelos. As pessoas que ali leem livros saberão porquê. Não deixa também de ser um abraço a todas as demais bibliotecas e bibliotecários, na esperança de que nada nos convença de que a ignorância ou o fim da fantasia e do sonho são o melhor para nós e para os nossos. Ler é esperar por melhor.”

As bibliotecas - Valter Hugo Mãe (Jornal de Letras, 15 a 28 de maio)


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Plasticologia Marinha



A Daniela, o Ricardo e o Justin do Oceanário de Lisboa visitaram a nossa escola e todas as EBs do agrupamento. As sessões com estes biólogos,  sendo dirigidas aos 1º e 2º Ciclos,  resultam de um protocolo entre o Oceanário e a Rede de Bibliotecas Escolares. Tendo como objetivo a sensibilização da problemática do plástico nos oceanos, aos oceanos chegam todos os anos cerca de 8 milhões de toneladas de plástico, esta ação teve um enorme sucesso junto de alunos e professores.
Cada sessão, com a duração de 90 minutos, é constituída por uma vertente teórica e outra prática e, de uma forma simples e clara, ensina as crianças a compreender a importância de reciclar o plástico, bem como os perigos que ele representa para as espécies marinhas. As expressões microplástico, nanoplástico, giros (ilhas de lixo nos oceanos) fazem, agora, parte do vocabulário dos alunos que assistiram a estas aulas diferentes.

Para saber mais sobre  este tema ler aqui  aqui, aqui e aqui.




Selecionando o que é lixo. 



Ovos de tubarão. 



Os giros ou ilhas de lixo nos oceanos. 






quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

International Book Giving Day


O "International Book Giving Day" é uma inicitiva internacional que pretende, no dia 14 de fevereiro, "Valentine's Day", se ofereça um livro.
Este ano, não só os livros andaram de mão em mão,  como as histórias andaram no ar. "A grande fábrica de palavras" foi o livro escolhido e, tanto alunos, como professores, aqueceram o coração ao ouvir esta história de amor maravilhosa.








segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Novidades de fevereiro

A nossa Biblioteca tem mais algumas novidades. Obrigada, professora Daniela, pela oferta!



"A versão original do livro data de 1986, sob o título "Diary of a Teenage Health Freak" e foi escrito por Aidan McFarlane e Ann McPherson, dois renomeados psiquiatras britânicos que se notabilizaram pelo seu trabalho com adolescentes. A edição portuguesa surgiu em 1990 pela editora Europa-América, traduzida pelo conhecido pedopsiquiatra Mário Cordeiro, amigo dos autores originais. Mais do que uma simples tradução, o Dr. Mário Cordeiro optou por fazer uma adaptação para a realidade portuguesa. Por isso, em vez do very british Peter Payne da versão original, a edição portuguesa narra as desventuras de Pedro Dores, um jovem tipicamente português de 14 anos que vive em Lisboa com os seus pais, as suas irmãs Cristina e Susana e o cão Tejo. 

Tudo começa numa aula de Biologia, quando Pedro argumenta um hipotético problema cardíaco para não fazer a aula de Educação Física, ao que a professora reage dizendo-lhe que ele sofre de hipocondríase. Não sabendo o que quer dizer esse termo, ele recorre a um Dicionário Médico para descobrir que basicamente quer dizer a mania de ter doenças. A partir daí, sempre que confrontado com alguma questão de saúde, Pedro recorre ao Dicionário Médico para tirar dúvidas e ao seu diário para documentar as suas descobertas. Além disso, ao longo de um ano, o diário será um fiel confidente de Pedro sobre todas as suas aventuras e desventuras: o primeiro cigarro, a primeira bebedeira, um acidente de bicicleta, as turras com a irmã Susana, a conturbada vida amorosa e sexual da irmã Cristina, as discussões dos pais, as peripécias com os amigos Roque e João "Macaco" e as infrutíferas tentativas de conquistar Inês, a rapariga de quem ele gosta. Isto para além de abordar várias questões que preocupam a adolescência como as transformações corporais, a droga, as doenças sexualmente transmissíveis e a menstruação.

Uma passagem do livro que se destacou particularmente e com a qual fiz sucesso na escola quando levei o livro para mostrar essa parte aos meus colegas foi aquela onde havia uma lista de termos de calão para os órgãos genitais e actividades escatológicas. Foi aí que eu e a maioria dos meus colegas nos deparámos pela primeira vez com termos como "ás-de-copas" ou "boca-do-corpo", que aí figuravam a par de todos os palavrões que conhecíamos. 

Este "Diário de um Adolescente com a Mania da Saúde" tornou-se um dos livros que definiram a minha adolescência, até porque me revia bastante no Pedro Dores de tal forma que quase que poderia ter sido eu a escrever certas passagens."  


"Bem, chegou o verão. Se pensas que pude finalmente livrar-me da escola e gozar umas férias à maneira, pois estás completamente enganado. Durante oito semanas, vi-me fechado num sítio chamado Campo Wannaporra, metade campo de férias e metade escola. Se já me conheces, sabes bem que sou capaz de me meter em sarilhos daqueles de fugir. Por isso, já estás a ver como estas «férias» vão acabar, ou não?


Se calhar não… Mas está tudo aqui escrito. O relato de como:

- Consegui fazer amigos na Aldeia dos Falhados, nomeadamente o Devora-Macacos

- Aprendi que há bullies em todo o lado, até em campos de férias 

- Detesto expressões como «proibido», «rédea curta», «regulamentos»

- Descobri que odeio urtigas, insetos (bahh!) e bróculos.



Está na hora de mandar o Rafe para o Campo Wannaporra. E, acredita... não vais querer perder isto!" 

Vê o booktrailer aqui.


 "Em vésperas de Natal há grande azáfama nos centros comerciais. As gémeas cobiçam um relógio para oferecerem ao pai, mas é muito caro e desistem de o comprar. Já na rua descobrem com espanto que relógio apareceu no bolso da Luísa. Como explicar tão estranha ocorrência? Artes mágicas de Pai Natal? A dúvida tinha um fundo de verdade que elas e os rapazes vão descobrir pondo em risco as próprias vidas."


"Adrian Mole é um adolescente com as preocupações existenciais de um adolescente: borbulhas; o corpo a crescer em sítios inesperados (inesperadamente); a cabeça a pedir explicações para todos os factos da vida; os factos da vida a fazerem «fintas» à cabeça; o desejo de fazer versos; o amor pela grande literatura universal; a paixão pela mulher-menina amada.

Quando Adrian Mole inicia o seu diário ele tem 13 anos e três quartos. Quando o acaba tem quinze anos completos. Pelo caminho fica o registo emocionante, inocente, engraçado e, quando calha, desesperado, do dia a dia de um rapazinho dividido e multiplicado entre e pelos pais (com uma tendência danada para se separarem e embriagarem...), a namorada, os professores, os amigos (entre 14 e 90 anos), a avó, o cão, os pais dos amigos, os vizinhos e o mundo em geral. Sue Townsend conseguiu escrever um livrinho tão perturbante que pode rivalizar, como disse Jilly Cooper, com esse outro livro de culto que tem por título À Espera no Centeio (The Catcher in the Rye), de J. D. Salinger (Difel, 2005)."
CRÍTICAS DE IMPRENSA
«Um belo dia, Adrian descobre que é um «intelectual», que está apaixonado, que a mãe não devia ter abandonado o pai para ir viver com um homem que a trata como «um objecto sexual», que a emancipação da mulher - incluindo a da mãe, da namorada e da mãe da namorada - é um facto irreversível e incómodo […] Este diário não se pode perder. Pode ser lido pelos pais e pelos filhos.»

Expresso

«O escritor Tom Sharpe confessa que Adrian Mole e a sua inexplicável e difícil simplicidade o fizeram enxugar os olhos muitas vezes, para as lágrimas não o impedirem de continuar a leitura. Confirmo. Este diário não se pode perder. Pode ser lido em férias e fora de férias. Pelos pais e pelos filhos. Por ingleses e por portugueses. Escrito em 1982 tornou-se - já! - um clássico do género. Um clássico tão apetitoso e irresistível como um chocolate Mars, a guloseima predilecta de Adrian.»"

Clara Ferreira Alves 




"Durante o período conhecido por puberdade, que pode durar entre três a quatro anos, o nosso corpo desenvolve-se e sofre alterações como nunca! O corpo de criança passa a corpo de adulto e durante esta passagem surgem imensas complicações.
Todos sabemos que o mais importante é a nossa personalidade, a nossa maneira de ser e não a nossa aparência, mas, apesar disso, nesta idade, o que importa é ter um aspeto fantástico... e isso é tarefa muito difícil."

COMENTÁRIOS DOS LEITORES
“FANTASTICO
Este livros aborda temas ligados à adolescência e aos problemas comuns com que os nosso "pequenos" começam a deparar-se. As ilustrações são divertidas o que leva a que não haja tanta inibição em consultar o livro porque, apesar de quererem passar a imagem de que o fazem por brincadeira, porque o livro é apelativo, a verdade é que vão tirando as suas dúvidas.´, sobre assuntos que muitas vezes têm vergonha de perguntar.”

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Novidades de fevereiro



"Em plena adolescência, Adrian Mole continua profundamente atormentado pelos dramas e peripécias que se sucedem na sua vida. Como se não bastassem as borbulhas, as discussões dos pais e os arrufos com a sua amada Pandora, vê-se perante a mais inesperada das notícias – vai ter um irmão e... quase em simultâneo, um meio-irmão!! O que poderia acontecer-lhe de pior? Hilariante e enternecedor, Adrian Mole continua a cativar sucessivas gerações de leitores em todo o mundo. "


"Neste novo volume do célebre autor de Diários, Adrian Mole, agora com 23 anos e ¾, vive desconsolada e melancolicamente num cubículo do apartamento em Oxford, de uma mulher bonita e cheia de sucesso – Pandora –, que maltrata constantemente o seu antigo namorado de infância. Ele continua a trabalhar no Ministério do Ambiente, onde é responsável pelos tritões – uma espécie que passou a detestar em segredo.

Este novo livro de Sue Townsend acompanha o génio incompreendido da Inglaterra Central em mais de uma das suas viagens pelo Vale dos Sonhos da Rejeição e da Humilhação, na procura das terras altas e soalheiras do amor retribuído e, sobretudo, da publicação do seu romance. 

Qualquer pessoa que alguma vez tenha sido jovem, que não tenha nascido dotada e que tenha tido vinte e três anos, reconhecerá no Adrian um herói com quem pode identificar-se, um herói dos nossos dias.

CRÍTICAS DE IMPRENSA
«Adrian tem agora 23 anos e ¾ e vive "desconsolada e melancolicamente" em Oxford, num cubículo do apartamento de uma mulher que é "bonita e cheia de sucesso" e ainda por cima se chama Pandora. E a saga diarística deste «herói dos nossos dias» continua…»

Público

«O seu êxito vem de uma mistura de piadas sensacionais às quais está subjacente uma crítica política e social séria, e da forma brilhante como aflora a vida contemporânea.»"

Sunday Times 


 "Adrian Mole já entrou na vida adulta, mas as coisas não estão a ser exatamente como ele esperava. Ainda a viver em casa dos pais, ainda apegado ao Pinky, o seu coelhinho, com um trabalho precário na biblioteca e às voltas com os padecimentos amorosos que Pandora lhe inflige, Adrian não se sente propriamente no papel do adulto plenamente realizado. Mas, se pensarmos bem, sem as vicissitudes e as farpas da vida moderna, sobre o que poderia escrever um poeta intelectual como Adrian? Uma das personagens mais queridas da literatura britânica e universal, Adrian Mole continua a deliciar-nos com as suas peripécias enternecedoras e hilariantes. 

Uma obra-prima da comédia e da sátira social."


 "Plano Nacional de Leitura

Livro recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura.



Com Crime e Castigo, a Editorial Presença inaugura a publicação da obra de um dos maiores escritores de sempre, numa nova e criteriosa tradução, feita directamente a partir do russo. Datado de 1866, este é o primeiro dos grandes romances que Dostoiévski escreveu já em plena maturidade literária, sendo, provavelmente, a mais bem conhecida de todas as suas obras. Recriando um estranho e doloroso mundo em torno da figura do estudante Raskólnikov, perturbado pelas privações e duras condições de vida, é uma das obras por excelência fundadoras da modernidade. Pelo inexcedível alcance e profundidade psicológica, sobretudo no que implica a exploração das motivações não conscientes e a aparente irracionalidade nos comportamentos das personagens, este autor russo tornou-se uma referência universal na literatura, sem perda de continuidade até aos nossos dias. Esta nova versão em língua portuguesa das obras de Dostoiévski, cuja qualidade permite ao leitor fruir plenamente da extraordinária riqueza dos textos originais, e da responsabilidade de Nina e Filipe Guerra."

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Projeto de Leitura

O Projeto de Leitura segue a bom ritmo! Professoras e professores vão desenvolvendo as atividades de acordo com o planeado e os alunos lêem e escrevem mostrando os seus trabalhos nos blogues e/ou padlets. 
Parabéns a todos!
Quer ver os trabalhos? Vá aqui ou clique na imagem!


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Roda dos Alimentos Mediterrânica



Os princípios básicos da roda dos alimentos mediterrânica, desenhada há um ano pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto numa parceria com a Direcção-Geral da Saúde (DGS), estão agora disponíveis numa versão interactiva lançada pela DGS, através do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável. 
Ver aqui.



quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Novidades de fevereiro 2


"...esta obra proporciona uma viagem em que a ciência e o sonho, o real e o onírico se cruzam expressivamente, como parece sugerir a inscrição da capa “Uma história maravilhosa sobre a circulação do sangue”. O sonho de Alexandra, uma menina internada no hospital após um atropelamento, é a matéria ficcional deste conto em que, metaforicamente, se conta o percurso ou a viagem do sangue, identificado com um imenso rio de 100 000 Km, a partir de múltiplas sugestões e referências geográficas e culturais, inscritas no Património da Humanidade. Estes elementos, aliados às inúmeras menções de âmbito anatómico, por exemplo, fazem desta obra um objecto que proporciona um contacto lúdico com a Ciência. É fácil a aproximação dos jovens leitores a esta história relatada com vivacidade e entusiasmo, a partir de um discurso sensorial, por vezes, até, sinestésico, e frequentemente marcado por um tom coloquial e dialógico."
  


"Umas férias em caravanas puxadas por cavalos significam aventura para os Cinco! Sobretudo quando encontram um circo pelo caminho!

Mas o circo tem pessoas muito desagradáveis, que parecem ter planos mais sinistros do que mostrar umas simples palhaçadas. Que planos serão esses? "



Opinião dos leitores:

"Lembro-me de perguntar à minha mãe se podia levar o livro para ler, quando o vi num expositor! Ela disse que sim mas a principio ainda vacilou... Quando entrei no carro ela teve de voltar para trás porque se tinha esquecido de alguma coisa. Eu iniciei leitura... Só me lembro de ver a minha mãe entrar no carro e olhar para o número da página: 50! Em menos de dez minutos, que nem dei por passarem... _Mãe, adoro o livro, adoro as personagens, adoro tudo! Sou fã da Enid Blyton a partir de hoje! - dizia eu, eufórica por ter ainda uma coleção inteira para ler. E ainda tenho! Sou uma fã incondicional da autora e soube-o ao fim de apenas 50 páginas! NUNCA hei de parar de ler estes livros... NUNCA! Adorava fazer parte destas histórias e conhecer Os Cinco... Para além de serem personagens e não pessoas reais, para mim são mais do que amigos que me acompanharam em tantos momentos da minha vida e continuam a acompanhar..."



"Mais uma vez, Uderzo pega num tema actual para mais um aventura de Astérix. O drama instala-se na aldeia dos irredutíveis quando o druida descobre que a sua reserva de petróleo bruto acabou e que falta deste ingrediente coloca os gauleses à mercê das legiões romanas.

Astérix e Obélix vão ser obrigados a percorrer meio-mundo para encontrar este precioso ingrediente, sem o qual Panoramix não pode fazer a poção mágica. Nesta missão, terão de enfrentar um dos mais temidos espiões de César: Zerozerosix.

Uderzo, neste segundo álbum a solo, faz um tributo a René Goscinny, com o falecido argumentista a aparecer na pele de um beduíno. "



"Matasétix está pior que estragado: César ousou dizer que, de todos os povos da Gália, os Belgas são os mais corajosos. E o pior é que os terríveis Gauleses já nem sequer assustam os novos recrutas do campo de Factotum...

De trouxa ao ombro e acompanhado por Astérix e Obélix, o chefe parte imediatamente para a Bélgica. Aí, lança um desafio aos Belgas: o povo mais corajoso será aquele que destruir o maior número de campos romanos. E César é escolhido para arbitrar este duelo histórico! "


"Adrian Mole é um adolescente com as preocupações existenciais de um adolescente: borbulhas; o corpo a crescer em sítios inesperados (inesperadamente); a cabeça a pedir explicações para todos os factos da vida; os factos da vida a fazerem «fintas» à cabeça; o desejo de fazer versos; o amor pela grande literatura universal; a paixão pela mulher-menina amada.

Quando Adrian Mole inicia o seu diário ele tem 13 anos e três quartos. Quando o acaba tem quinze anos completos. Pelo caminho fica o registo emocionante, inocente, engraçado e, quando calha, desesperado, do dia a dia de um rapazinho dividido e multiplicado entre e pelos pais (com uma tendência danada para se separarem e embriagarem...), a namorada, os professores, os amigos (entre 14 e 90 anos), a avó, o cão, os pais dos amigos, os vizinhos e o mundo em geral. "


"Matasétix tem uma crise de fígado e vê-se obrigado a ir para as termas de Vichy. Astérix e Obélix acompanham-no, mas logo percebem que as termas não são o melhor local para quem gosta de bem comer e melhor beber... e vêem-se obrigados a ir para Arverne fazer turismo enquanto o chefe se restabelece. Ali travam amizade com os locais e ficam a saber que Júlio César, que tinha vencido o chefe Gaulês Vercingétorix, pretende fazer uma entrada triunfal na região... em cima do escudo do chefe gaulês derrotado. Como ninguém sabe onde o está o dito escudo, Júlio César incumbe Berloqus de o encontrar. É assim que os nossos amigos gauleses se vêem envolvidos em mais uma aventura, desta feita para encontrarem primeiro o precioso escudo e estragarem os planos a Júlio César. "


"O poderoso retrato de um jovem estudante na Inglaterra do século XIX
Em Rugby School uma escola pública da Inglaterra do século XIX, Tom Brown, um jovem estudante e os seus amigos vivem constantemente ameaçados por alguns rapazes mais velhos, entre os quais se destaca o cruel e sádico Flashman.
Quando o dr. Arnold assume o lugar de novo reitor do colégio ele vai herdar um local onde à noite reina o terror e onde os mais rudes jovens são obrigados a conviver sem a vigilância dos adultos ou regras. Apesar da violenta objecção por parte do seu "staff" e resistência de alunos mais velhos, Arnold inicia um programa de reformas radicais. Apoiado pela mulher, Mary, ele gradualmente vai reforçando os valores da verdade, lealdade e respeito entre os rapazes."




"Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o 7.º ano, destinado a leitura autónoma.

Numa noite de dezembro, uma faroleira descobre um velho livro num baú que dera à costa. As letras douradas do título estão quase apagadas, as páginas cobertas de bolor são ilegíveis; só o papel das ilustrações resistiu...
De súbito essas imagens ganham vida e, um após outro, os heróis do livro contam à jovem a sua fabulosa história!
Billy Bones, o homem da cicatriz, lorde Trelawney, Ben Gunn, Jim Hawkins, o jovem e corajoso marujo, e Long John Silver, o pirata da perna de pau, sonharam todos eles descobrir o tesouro do sanguinário capitão Flint... "



quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Novidades de fevereiro

Os amigos continuam a surpreender-nos. A Biblioteca Municipal ofereceu-nos alguns livros. Obrigada.



"Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o 1º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada.

A Handa mete no cesto sete frutas deliciosas para fazer uma surpresa à sua amiga Akeyo. Mas no caminho a Handa passa por muitos animais, e as frutas têm um ar muito convidativo…

Quando chega junto da amiga e poisa o cesto, quem tem uma grande surpresa é a Handa!"

Ver, também, aqui.


"Um fabricante de violinos chamado Stradivari morreu há duzentos anos deixando um mistério no ar que ainda não foi desvendado: como conseguia ele que os seus violinos tivessem um som tão especial? Seria a madeira? Seriam as cordas? Seria o verniz? Ou seria algum truque de magia? Ninguém sabe. Mas os violinos que ficaram prontos valem hoje mais que jóias, mais do que carros e até mais do que casas. O desaparecimento de um violino «Stradivarius» é motivo de alarme e justifica a mais complicada das investigações."



 "Sophie Feodorovna Rostopchine, a Condessa de Ségur, nasceu em 1799 em São Petersburgo. Passou a infância em Voronovo, a propriedade da família, recebendo dos pais uma educação muito severa. A mãe era uma mulher austera e muito católica. O pai era general e conde.

Em 1817, o conde caiu em desgraça e exilou-se em França com a família. Sophaletta não voltaria a ver a terra natal. Em Paris, foi apresentada a Eugène de Ségur com quem casou em 1819.

Aos 58 anos, a Condessa de Ségur publica o seu primeiro livro, Novos Contos de Fadas. Foi o seu marido que a apresentou ao editor Louis Hachette.

Hachette ficou logo encantado com as histórias que a condessa escrevia para os netos. Para as publicar, decidiu criar uma coleção de livros destinados aos jovens. Sophie de Ségur escreveu cerca de 20 romances para o editor. 

O êxito da obra manteve-se ao longo dos tempos."



 "Naquele Inverno não foi só o Chico que se inscreveu para praticar desporto nas horas vagas, foram todos. Cada um escolheu sua modalidade e andavam delirantes com os treinos.

Não esperavam era que uma torneira avariada nos corredores do estádio funcionasse como mola e os catapultasse para a mais estranha das conspirações. E também não esperavam que uma enguia eléctrica lhes pudesse dar ideias e que a grande ajuda viesse de um pombo-correio chamado Pascoal."



"Evoramonte é uma terra carregada de História. Fica no alto de um monte, as casas foram construídas dentro da muralha e tem um castelo muito especial com vários séculos de existência.A primeira noite que o grupo passou em Evoramonte tornou-se super-excitante porque apareceu gente na rua vestida com roupa de outros tempos. Afinal era uma equipa de cinema que até precisava de jovens actores. Todos se candidataram e viram-se envolvidos numa intriga que incluía poções mágicas! "


"Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o 3º ano de escolaridade, destinado a leitura autónoma.


A Sofia acha que a sua boneca de cera está pálida e com frio. Por isso, põe-na ao sol e... ela derrete-se. Sofia chora, mas nem tudo está perdido porque ela se lembra de convidar as amigas para o divertido enterro da boneca! A Sofia quer brincar com os seus peixes vermelhos e... acaba por deixá-los morrer! E quando tenta ser uma menina bonita, faz um chá para os seus primos... com giz e água do cão. Fica de castigo! Mas a mãe tem razão: ela é uma menina boazinha, tudo isto não passa de uma série de peripécias que mais não são do que Os Desastres de Sofia. 
Este livro é um clássico do mundo infanto- juvenil que marcou a infância de todos nós, e que agrada a pais e filhos. Escrito no século XIX, pela Condessa de Ségur, relata todas as peripécias de Sofia, uma menina com muita imaginação."







" Na sua quarta aventura, os membros da O.R.D.E.M. são surpreendidos por uma enigmática mensagem de fazer crescer água na boca. Desta feita, viajam até uma velha quinta do Douro em busca de umas caves misteriosas onde os aguardam alguns segredos do tempo dos reis. Longe dali, o fantasma não desiste…"

"A célebre obra de Pasternak que foi adaptada ao cinema e que teve nos principais papéis Omar Shariff e Julie Christie.

Iuri Jivago era filho de um grande industrial russo. Orfão de pai e mãe, foi criado por uma família de Moscovo. Parte para a guerra como médico militar. A revolução de 1917 surpreende-o em Moscovo. Vai com a família para os Urales, onde é preso pelos revolucionários. Quando regressa, não encontra família, mas conhece Lara, por quem se apaixona. Mas o destino separá-los-á. Ela seguirá para o Extremo Oriente, ele para Moscovo. "


"O Senhor Ventura é a prova definitiva de como os grandes escritores nos reservam sempre grandes surpresas. Isto porque um grande escritor não se refugia num estilo definido, nem numa temática bem demarcada. Pelo contrário,um grande escritor é versátil. E Miguel Torga é um grande escritor.
Todos nós conhecemos Miguel Torga dos contos de cariz rural, expressando a luta do homem pela sobrevivência, num enquadramento por vezes poético outras vezes profundamente realista da relação do homem com a terra. Neste livro, Torga surpreende com um pequeno romance em que narra das aventuras de um português pelo mundo. Assim, o Senhor Ventura é o aventureiro luso, o português das sete partidas, que correu mundo, encantou e ficou encantado. Mas este não é um herói clássico. Muitas vezes é um anti-herói. As suas aventuras envolvem sempre a matreirice, aquele carácter "desenrascado" que muitas vezes não hesita em sair dos limites da lei. Um malandro, em suma. Mas, como qualquer malandro, o Senhor Ventura também se apaixonou. E, mais uma vez, aí temos o herói preso pelas saias. O amor foi o início da desgraça do Senhor Ventura, uma espécie de D. Quixote encandeado pela sua Dulcineia mas que não deixou de ser, tal como o herói de Cervantes, um porta voz de todas as virtudes e defeitos do seu povo. Na sua matreirice mas também no seu espírito de aventura, O Senhor Ventura é um verdadeiro resumo da alma portuguesa.
Acima de tudo, este livro é uma engraçada caricatura da alma portuguesa. Ao leitor fica a sensação que o autor de divertiu ao escrever este livro, que encarou de forma despretensiosa mas que se tornou, sem dúvida, uma das suas obras mais interessantes. Mesmo assim, há um aspeto muito sério que tem de ser referido: nas entrelinhas há aqui um recado à ditadura, durante a qual Torga escreveu este livro (1943) e contra a qual sempre se bateu...
Em suma, um livro sério mas divertido, cheio de conteúdo embora breve.  "

"Publicado em 1932, Admirável Mundo Novo tornar-se-ia um dos mais extraordinários sucessos literários europeus das décadas seguintes. O livro descreve uma sociedade futura em que as pessoas seriam condicionadas em termos genéticos e psicológicos, a fim de se conformarem com as regras sociais dominantes. Tal sociedade dividir-se-ia em castas e desconheceria os conceitos de família e de moral. Contudo, esse mundo quase irrespirável não deixa de gerar os seus anticorpos. Bernard Marx, o protagonista, sente-se descontente com ele, em parte por ser fisicamente diferente dos restantes membros da sua casta. Então, numa espécie de reserva histórica em que algumas pessoas continuam a viver de acordo com valores e regras do passado, Bernard encontra um jovem que irá apresentar à sociedade asséptica do seu tempo, como um exemplo de outra forma de ser e de viver. Sem imaginar sequer os problemas e os conflitos que essa sua decisão provocará. Admirável Mundo Novo é um aviso, um apelo à consciência dos homens. É uma denúncia do perigo que ameaça a humanidade, se a tempo não fechar os ouvidos ao canto da sereia de uma falsa noção de progresso. "


"Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o 3º ciclo, destinado a leitura autónoma.


Publicado originalmente em 1954, O Deus das Moscas é um dos mais perturbadores e aclamados romances da atualidade.
Um avião despenha-se numa ilha deserta, e os únicos sobreviventes são um grupo de rapazes. Inicialmente, desfrutando da liberdade total e festejando a ausência de adultos, unem forças, cooperando na procura de alimentos, na construção de abrigos e na manutenção de sinais de fogo. Porém, à medida que o frágil sentido de ordem dos jovens começa a fraquejar, também os seus medos começam a tomar sinistras e primitivas formas. De repente, o mundo dos jogos, dos trabalhos de casa e dos livros de aventuras perde-se no tempo. Agora, os rapazes confrontam-se com uma realidade muito mais urgente - a sobrevivência - e com o aparecimento de um ser terrível que lhes assombra os sonhos. "


"Mário de Carvalho convoca-nos a todos. A nós e aos nossos conhecidos. Faz humor com ilusões e desilusões, amores e desamores, graças e desgraças. 
O Partido Comunista não escapa à ironia. Brilha a deslumbrante Lisboa, mas também outros locais e endereços. Eduarda Galvão é o protótipo da jovem jornalista. Jorge de Matos o professor cansado. Joel Strosse o pairar da esperança enquanto há vida.

Entram outros burgueses, mais tímidos, mais atrevidos, mais abertos, mais recolhidos. O leitor reconhece-os facilmente, olhando em volta. Políticas também há algumas, bandeiras rubras, livros nas bibliotecas, uma revolução que entardeceu.

Comparece o rio magnífico que Lisboa tem. E, já agora, que tal trocarmos umas ideias sobre o assunto? "


  "Paula, com um forte cunho autobiográfico, é uma das obras mais intensas de Isabel Allende, que nos faz revisitar o universo mágico dos seus primeiros romances.
Paula, a filha da escritora, adoeceu gravemente, entrando pouco tempo depois em coma. Durante meses no hospital, a autora começou a escrever a história da família para a filha, que permanecia inconsciente. Nesse relato somos levados a conhecer os segredos e recordações mais íntimos do seu passado e do seu país natal, o Chile, ao mesmo tempo que assistimos às sucessivas tentativas de contrariar e, por fim, aceitar a partida iminente de um ente querido. Escrita como uma catarse face à irreversível doença, Paula é uma enorme lição de vida, ao mesmo tempo que nos permite conhecer um pouco melhor o mundo fantástico de A casa dos espíritos e Eva Luna e concluir que as suas personagens pertencem, na verdade, ao mundo fantástico de Isabel Allende: a sua realidade encantada."



"Henry Chinaski é o alter ego assumidamente biográfico do próprio Bukowsky. Num ambiente repleto de álcool e sexo, somos transportados a uma visão insuportavelmente realista das suas vivências, onde o protagonista (poeta e bebedor compulsivo) conjuga a sua prepotência junto das mulheres com a fragilidade que só elas podem compensar. A literatura e as tertúlias, numa perspectiva muito próxima do imaginário da beat generation, são o motor desta história, que começa com Chinaski, na primeira pessoa: «eu tinha cinquenta anos e há quatro que não ia para a cama com uma mulher». Um exemplo extremo da fusão entre realidade e ficção, já que as vivências do próprio autor não andaram longe das situações descritas. "


" Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura.

Na noite de 13 de Dezembro de 1943, Primo Levi, um jovem químico membro da resistência, é detido pelas forças alemãs. Tendo confessado a sua ascendência judaica, é deportado para Auschwitz em Fevereiro do ano seguinte; aí permanecerá até finais de Janeiro de 1945, quando o campo é finalmente libertado.
Da experiência no campo nasce o escritor que neste livro relata, sem nunca ceder à tentação do melodrama e mantendo-se sempre dentro dos limites da mais rigorosa objectividade, a vida no Lager e a luta pela sobrevivência num meio em que o homem já nada conta.
"Se Isto é um Homem" tornou-se rapidamente um clássico da literatura italiana e é, sem qualquer dúvida, um dos livros mais importantes da vastíssima produção literária sobre as perseguições nazis aos judeus."


"Autora Galardoada com o Prémio Camões 2015

A obra mais aclamada de Hélia Correia, até à data, e que recebeu o Prémio de Ficção do Pen Club para romances editados em 2001. É um romance histórico, que decorre entre 1746 e 1762, na Escócia e em Portugal. Lillias é uma menina escocesa, oriunda de um dos clãs destroçados na batalha de Culloden, que os ingleses venceram. Fugindo destes, acabará por ir para Lisboa, onde vive clandestinamente durante alguns anos, de princípio num convento e mais tarde com uma família. Quando se dá o terramoto de Lisboa, Lillias foge para Mafra. Mais tarde irá encontrar-se com o comandante das tropas inglesas em Culloden. O romance está cheio de episódios romanescos e pícaros; as descrições das ruas, das casas, das tropas, dos costumes, dos ambientes, são magníficas. "


 "Stephen é um simpático autor de livros infantis que vê a sua vida ser subitamente destruída ao perder a filha de três anos numa fila de supermercado. Durante muito tempo, Stephen vai procurar o rosto da criança em todas as crianças que vê na rua, recapitulando todos os detalhes que antecederam a tragédia. Numa narrativa não-linear, Ian McEwan intercala momentos de forte tensão emocional com momentos de grande humor. E dá a verdadeira dimensão dos conflitos interiores de um homem que luta por esquecer e recordar, desistir e viver."


"As Ondas é considerado o melhor e o mais radical romance de Virginia Woolf - um desses raros escritores que nasceu no «instante em que uma estrela se pôs a pensar». 

Marguerite Yourcenar, sua tradutora francesa, descreveu assim este romance: «As Ondas é um livro com seis personagens, ou melhor seis instrumentos musicais, pois consiste unicamente em monólogos interiores, cujas curvas se sucedem e entrecruzam com uma segurança que lembra A Arte da Fuga de Bach. Nesta narrativa musical, os breves pensamentos de infância, as rápidas reflexões sobre os momentos de juventude e de confiante camaradagem desempenham o mesmo papel dos allegros nas sinfonias de Mozart, abrindo espaço para os lentos andantes dos imensos solilóquios sobre a experiência, a solidão e a maturidade. Tanto como uma meditação sobre a vida, As Ondas são um ensaio sobre a solidão. Trata-se de seis crianças, três raparigas, Rhoda, Jinny e Susan; e de três rapazes, Louis, Neville e Bernard, que vemos crescer, diferenciarem-se e envelhecer. Uma sétima criança, que nunca toma a palavra e que só conhecemos através dos outros, é o centro do livro ou melhor o seu coração.»

Mais que uma música admirável que a imaginação oferece à inteligência, As Ondas é um livro sobre a impossibilidade do ser. "