quarta-feira, 24 de outubro de 2018

A Casa do João nº 5


Saiu o nº5 da revista de Literatura Infantil e Juvenil dirigida a crianças, pais, educadores e professores, da responsabilidade do escritor João Manuel Ribeiro, "A Casa do João". Ela pode ser lida aqui ou descarregada aqui.

Os temas deste trimestre são:

EDITORIAL
Formar leitores, um trabalho de sempre

UMA HISTÓRIA POR DIA DÁ SAÚDE E ALEGRIA!

GALERIA: QUEM É QUEM
José de Lemos: escritor e ilustrador…

FOMOS VER
Entrevista a Bolota

UAU!
1 - ELF – Educação Literária Familiar
2 - “Makerspace BMI -Juntos fazemos!”
3 - Livraria Velhotes

OS NOSSOS PARCEIROS
A Orquestra Energia

LEMOS, GOSTÁMOS E… RECOMENDAMOS!

DOSSIER LEITURA
A leitura em voz alta

APROVEITA E EXPLORA
Dicas de escrita

A PALAVRA É TUA
Pequenos grandes escritores

PARA BRINCALHARES

PARTICIPA NISTO
Passatempo

SAIU NA IMPRENSA

NOTÍCIAS

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Dia das Bibliotecas Escolares



O Plano Nacional de Leitura 2027 felicita as Bibliotecas Escolares portuguesas pelo seu trabalho diário de formação de leitores.

A biblioteca escolar destaca-se pela sua centralidade física e simbólica, constitui-se como um espaço físico e digital aberto, onde todos são bem-vindos, incrementando a ideia de uma cultura de leitura e escrita nas escolas.

Aprender a ler e ler para aprender são processos fundadores indissociáveis da ideia de educação. É necessário que na escola se leia de todas as maneiras, de forma autónoma e orientada, individualmente, a par e em grupo, em voz alta e silenciosamente, de forma extensiva e intensiva, sempre e em todo o lado, para aprender a manejar a informação de forma ética e crítica, estruturar o conhecimento, melhorar a aprendizagem e aumentar o sucesso educativo.

Com o objetivo de dar resposta a esta necessidade, o Plano Nacional de Leitura e as bibliotecas escolares juntam esforços para, colaborativamente, promoverem:

- a inclusão de períodos diários para a prática individual da leitura pelos alunos, com a iniciativa "10 minutos a ler";

- a gestão e o empréstimo às turmas de caixas com conjuntos de livros iguais para serem lidos sob a orientação do professor;

- a celebração de contratos de leitura autónoma com os alunos, tendo em conta as recomendações e as sugestões do Plano Nacional de Leitura 2027;

- o empréstimo e a circulação de livros entre a escola e a casa dos alunos para a leitura em familia;

- concursos, projetos, iniciativas várias que contribuem para fazer leitores.

1. É essencial que existam espaços, tempos e oportunidades nas escolas para estimular o prazer de ler. A aquisição de hábitos de leitura e do prazer de ler exige uma prática regular da leitura, o envolvimento emocional e a motivação pessoal dos leitores através de um exercício livre e voluntário. O acesso facilitado a um espaço de liberdade, de leitura independente, de iniciativas diversificadas de caráter informal concorre para estimular o prazer de ler e formar leitores para a vida. Sendo também um espaço para brincar e aprender de forma recreativa, a biblioteca escolar desenvolve, através dessa diversão em grupo, as capacidades intelectuais, linguísticas e socioafetivas dos alunos.

2. Hoje não basta saber ler. É necessário ler muito bem, independentemente do que lemos, das razões por que lemos, das linguagens, dos textos, dos meios, dos suportes e dos lugares físicos ou virtuais em que nos encontramos, e para isso é exigida uma competência muito sólida em leitura e escrita. Esta exigência de aquisição de uma nova competência leitora e de novas literacias implica repensar os ambientes e os modos de aprendizagem atuais. As bibliotecas escolares têm, neste contexto, um papel catalisador.

3. A biblioteca escolar é um espaço de leitura funcional e informativa, autónoma, onde se descobre e se sustenta o gosto pelo saber, onde é possível ler, investigar e usar de forma livre e com segurança todo o tipo de recursos, impressos e digitais, independentemente do seu formato e da forma de acesso, presencial ou online.

4. Como não só de literacia verbal se faz hoje a leitura, é também possível na biblioteca desenvolver muitas outras formas multissensoriais que se combinam cada vez mais com a palavra escrita e oral, dando lugar a uma nova multialfabetização ou transalfabetização que também a biblioteca deve acolher.

5. A escrita hoje, induzida por novos ambientes digitais e dispositivos móveis, faz-se maioritariamente em ecrãs, associando-se cada vez mais à oralidade e a outras linguagens e formas gráficas e visuais de comunicar, através do Facebook, do Youtube, do Instagram e de outras redes sociais. Por exemplo, como estratégia de motivação e pretexto para o exercício criativo da leitura e da escrita, pode recorrer-se às práticas correntes de escrita dos jovens em plataformas de Fanfic, grupos de leitura e escrita no GoodReads e Wattpad, produção de booktrailers, aplicações de storytelling, etc.

6. Hoje em dia, não só consumimos mas também produzimos informação. As bibliotecas são um espaço de produção e comunicação da imagem e da palavra, onde é possível aprender a trabalhar com tecnologias, plataformas e ferramentas digitais para a criação, a representação e a partilha da informação e do saber, independentemente da sua natureza, suporte ou formato.

7. A leitura é uma atividade social e as bibliotecas, um espaço público comunitário de encontro, empatia e inclusão, onde é possível socializarmo-nos e abrirmo-nos a outros olhares, realidades e modos de viver, ler e sentir.

8. As bibliotecas escolares são, igualmente, um espaço performativo de fruição estética e expressão cultural, onde se pode participar em atividades festivas, eventos artísticos e experiências vivas de leitura explorando a dimensão ostensiva, cénica e pragmática da leitura e dos textos

Aos professores bibliotecários, aos coordenadores interconcelhios, aos docentes e a todos aqueles que, todos os dias, constroem leitores nas e com as bibliotecas escolares, uma saudação especial no Dia das Bibliotecas Escolares.

Drª Teresa Calçada

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Biblioteca

Dia Biblioteca escolar 22 outubro 2018


"Um dos mal-entendidos que dominam a noção de biblioteca é o facto de se pensar que se vai à biblioteca pedir um livro cujo título se conhece. Na verdade acontece muitas vezes ir-se à biblioteca porque se quer um livro cujo título se conhece, mas a principal função da biblioteca, pelo menos a função da biblioteca da minha casa ou da de qualquer amigo que possamos ir visitar, é de descobrir livros de cuja existência não se suspeitava e que, todavia, se revelam extremamente importantes para nós.
A função ideal de uma biblioteca é de ser um pouco como a loja de um alfarrabista, algo onde se podem fazer verdadeiros achados, e esta função só pode ser permitida por meio do livre acesso aos corredores das estantes. 
Se a biblioteca é, como pretende Borges, um modelo do Universo, tentemos transformá-la num universo à medida do homem e, volto a recordar, à medida do homem quer também dizer alegre, com a possibilidade de se tomar um café, com a possibilidade de dois estudantes numa tarde se sentarem num maple e, não digo de se entregarem a um amplexo indecente, mas de consumarem parte do seu flirt na biblioteca, enquanto retiram ou voltam a pôr nas estantes alguns livros de interesse científico, isto é, uma biblioteca onde apeteça ir, e que se vá transformando gradualmente numa grande máquina de tempos livres"


Umberto Eco


pode ser lido clicando na imagem abaixo






terça-feira, 2 de outubro de 2018

Aos leitores


           Ler é um prazer. Mas só para alguns. Para quem cresceu entre livros, por exemplo, e conquistou, a cada página lida, o gosto pela leitura. Ao mesmo tempo, descobriu que cada livro guarda dentro outros mundos, outras pessoas, outros lugares, outros tempos, outras memórias, outras formas de ser, de estar, de sentir, de comunicar, de rir... E essa descoberta, intimamente ligada à preservação da capacidade de espanto que caracteriza a infância, terá sempre alimentado a vontade de continuar a ler. Por prazer, não por obrigação.

            Não é muito diferente do que acontece com outras atividades que preenchem o nosso quotidiano, como comer ou fazer exercício físico. Comer pode ser um prazer, para quem desde cedo aprendeu a distinguir o sabor dos alimentos; fazer exercício físico também pode ser um prazer, para quem cresceu a fazer cambalhotas e pinos, a jogar à bola e a correr atrás dos amigos. É certo que todas estas atividades, sendo à partida naturais, implicam depois uma decisão e uma prática. No caso da leitura, essa decisão e essa prática dependem, muitas vezes, de quem nos rodeia: das famílias, dos amigos, dos professores... Se quem nos rodeia tiver a capacidade de nos contaminar com boas leituras, leituras que alimentem a nossa curiosidade e estimulem a nossa imaginação, de certeza que cresceremos leitores.

            É também esse o momento em que se torna fundamental o papel do Plano Nacional de Leitura, fornecendo coordenadas para que a leitura se torne um prazer, isto é, sugerindo livros capazes de entusiasmar não apenas os que já são leitores, como aqueles que ainda não são. Funciona como um mapa, útil em qualquer viagem, sobretudo em viagens por territórios desconhecidos, e pode ser usado para orientar leitores de todas as gerações. Assim como para dar pistas para que as famílias e os professores saibam o que partilhar com os leitores mais novos, e até entre si.

            Essa troca — de professores com alunos, de famílias com professores, de pais com filhos — é essencial para formar leitores e para, no meio das dezenas de livros que são diariamente publicados em Portugal, distinguir os melhores. Só deste modo será possível criar uma rede em que os livros, escolhidos por especialistas, possam circular pelas mãos dos leitores, os que já o são e os que se tornarão. A leitura implica essa prática. E essa conquista.