segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
Escritor na escola
Nuno Meireles esteve, na sexta-feira, no auditório da nossa escola. Aluno/as de 9º Ano e professores assistiram comovidos à apresentação que o próprio fez do seu percurso de vida.
Foi uma verdadeira lição, uma aula de vida aquela que o Nuno nos deu. Apesar de todas as limitações físicas que tornam difíceis todas as atividades do dia a dia, mostrou-nos que o ser humano é mais do que aquilo que se vê. É espírito, é alma, é força que faz com que o impossível se realize.
Obrigada, Nuno.
Para conhecer melhor o escritor Nuno Meireles : http://www.nunomeireles.net/
Os alunos e professores presentes deixaram, no painel em http://pt-br.padlet.com/becrejovimfs/nunomeireles, os seus sentimentos, as suas opiniões sobre a sessão com o escritor.
terça-feira, 25 de novembro de 2014
Nuno Meireles na nossa escola
Sexta-feira, dia 28, pelas 10.30h, a nossa escola recebe o escritor Nuno Meireles para apresentar a sua obra, "Amar depois de amar".
Esta é a terceira obra literária de Nuno Meireles. O escritor que nasceu em 1976, em Amarante, é formado em Engenharia informática e Mestre e Doutorando em Sociologia. Apesar de ser portador de paralisia cerebral, Nuno Meireles já escreveu três livros, sempre com os pés. As outras duas obras já editadas são "A Vida e Eu", um romance autobiográfico e "Duas vidas, um destino", um romance, editado 2011.
Para saber mais sobre Nuno Meireles, veja aqui, aqui e aqui.
Feira do livro
Tem início hoje, dia 25, a FEIRA DO LIVRO. Este ano, funcionará na Biblioteca e pode ser visitada até ao dia 28. O horário será das 8.30h às 16.30h. Teremos livros que abrangem diferentes faixas etárias , desde os mais pequenos aos adultos. Visite a feira do livro, compre, leia .
Mário Quintana disse:
"Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem."
Não seja analfabeto(a)!!! Leia!
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
Ainda o Dia Internacional da Tolerância
A atividade desenvolvida em conjunto com a prof. Marisa da Educação Especial visou sensibilizar os alunos (3 turmas) para a importância da tolerância em
todas as nossas atitudes do dia-a-dia.
Foi lida a primeira estrofe do
poema de Carlos Drummond de Andrade, “Palavra Mágica”:
“Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.”
Pretendia-se que os alunos
ficassem alertados para a palavra que nortearia a actividade e no final a descobrissem.
Seguidamente, foram visualizados
dois pequenos filmes do youtube colocados no blogue (ver aqui).
Após um breve comentário sobre os
filmes vistos, deu-se início à seguinte atividade: numa primeira fase, cada
aluno escreveu três coisas que não gostasse de fazer e três de que gostasse.
Depois, em grupos de três alunos, fizeram o mesmo todos juntos.
Na terceira fase da atividade, em
grande grupo, falou-se das dificuldades que tinham sentido para chegar a acordo
e discutiu-se, de forma a que os alunos chegassem à conclusão que todos temos gostos
diferentes, todos somos diferentes, e que, muitas vezes, é difícil juntar esses
gostos distintos.
É necessário esforço para
estarmos de acordo em alguns deles mas é essa diversidade que tem que ser
respeitada que nos enriquece.
A terminar foi lida a história
“Os sete cavaleiros de cores” que foi disponibilizada aqui.
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domingo, 16 de novembro de 2014
Há quanto tempo ninguém lhe conta uma história ao ouvido?
Por considerar uma atividade interessante coloco aqui no blogue esta iniciativa.
"No dia 18 de novembro, das 8 da manhã às 8 da noite, quem telefonar para Escrever Escrever poderá ouvir uma história. E para quem está longe, estaremos ligados via Skype.
Do outro lado da linha, vários contadores de histórias, de viva voz, em direto e sem gravações, estarão prontos para lhe contar uma história, só para si ou em alta voz. Sem valores acrescentados e ainda com direito a escolher o tipo de conto que quer ouvir.
Vamos ter histórias de aventura, de amor, de suspense; histórias com princesas, com animais ou com ogres; histórias para rir, para chorar por mais, para ficar a pensar. Histórias para os mais pequenos e para os adultos. Vamos ter histórias para todos os gostos e feitios.
Inspirados no livro de Gianni Rodari, “Contos ao Telefone”, a Escrever Escrever vai fazer as histórias passarem de boca a ouvido, de coração a coração. Queremos que as histórias sigam pela linha do telefone e entrem nas casas, ganhem lugar à mesa de jantar e se aninhem nas beiras das camas. Que cheguem a quem está sozinho, às instituições, às salas de aula, a quem vai em viagem, a quem está numa sala de espera com a senha 223, a quem está longe, e já nem se lembra da última vez em que alguém lhe sussurrou ao ouvido uma história em português.
Contos ao Telefone é uma iniciativa da Escrever Escrever para marcar a passagem da Estafeta de Contos, que percorre todo o país de sul a norte, um projeto da Biblioteca de Beja que nasce no encontro de narração oral Palavras Andarilhas.
Pode telefonar quando lhe apetecer, entre as 8 da manhã e as 8 da noite, mas também pode marcar uma hora contactando-nos previamente. A chamada também pode ser feita em alta voz para um grupo específico."
De 18-11-2014 a 18-11-2014
Horário:
Terça
Dia 18 de novembro | 8h - 20h
Telefone: (+351) 21 096 21 58
Linha de Skype: escreverescrever1
in http://www.escreverescrever.com/verEdicao.php?id_edicao=3184&mes=11
16 de novembro, Dia Internacional da Tolerância
Em 1996, a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) decretou a data de 16 de novembro como o Dia Internacional da Tolerância.
Irina Bokova, diretora-geral a UNESCO, por ocasião do Dia Internacional da Tolerância, em 16 de novembro de 2012, afirmou entre outras coisas que as diferenças não devem ser motivo de separação, mas sim de fortalecimento das pessoas.
Num mundo de rápidas mudanças, em sociedades que são cada vez mais diversificadas, todos os dias somos lembrados da necessidade da tolerância. Os laços que ligam as pessoas e as sociedades multiplicam-se, assim como as oportunidades de desentendimentos e tensões. Com a maior proximidade surgem mais ameaças que são exploradas por aqueles a quem interessa aprofundar cisões.
A tolerância não é indiferença a outros. Tão pouco implica a total aceitação de toda a crença e comportamento. Tolerância não significa menor comprometimento com as próprias convicções ou fraqueza de propósitos. A tolerância não é condescendente; ela não comporta a perspetiva implícita de que uma posição é superior a outra. A tolerância tão pouco é inata ou uma qualidade em que alguns recebem enquanto outros são dela destituídos.
A tolerância é um ato de humanidade. Ela é guiada por direitos humanos universais e liberdades fundamentais. Significa reconhecer a dignidade de outros como a base da sua própria. A tolerância é uma habilidade a ser cultivada e ensinada. Nunca deve ser dada como certa, pois é um compromisso a ser aprendido e renovado todos os dias.
A tolerância é uma maneira de desarmar o medo, de abrir o mundo para melhores mudanças e lançar as bases para a paz duradoura.
Retirado daqui
Ser tolerante não é apenas ter paciência perante os erros e falhas dos outros, não agredir o que pensa de forma diferente de nós; é muito mais do que isso. É respeitar a diversidade, partilhar com os outros as diferenças como algo positivo, benéfico e enriquecedor.
A Declaração Universal dos Direitos da Criança diz, no seu artigo 10º:
“A criança deve ser protegida contra as práticas que possam fomentar a discriminação racial, religiosa ou de qualquer outra natureza. Deve ser educada num espírito de compreensão, tolerância, amizade entre os povos, paz e fraternidade universal, e com plena consciência de que deve devotar as suas energias e aptidões ao serviço dos seus semelhantes.”
Khalil Gibran disse:
"Aprendi o silêncio com os falantes, a tolerância com os intolerantes, e a gentileza com os rudes..."
Aprendamos e ensinemos, pois, a ser tolerantes. É o respeito pelos outros, a compaixão, a fraternidade que nos ajuda a ter um mundo melhor.
Há filmes que ilustram de forma magistral os sentimentos de tolerância, fraternidade, solidariedade, amizade. Se analisarmos bem, eles andar a par, não lhes parece?
Aprendamos e ensinemos, pois, a ser tolerantes. É o respeito pelos outros, a compaixão, a fraternidade que nos ajuda a ter um mundo melhor.
Há filmes que ilustram de forma magistral os sentimentos de tolerância, fraternidade, solidariedade, amizade. Se analisarmos bem, eles andar a par, não lhes parece?
(Clicar sobre a imagem para obter alguma informação sobre o filme)
trailer aqui
trailer aqui
trailer aqui
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trailer aqui
Trailer aqui.
Há, também, livros (alguns dos filmes acima referidos são baseados em livros) que versam esta temática.
(Clicar sobre a imagem para obter alguma informação sobre o livro)
O filme aqui
Olhares sobre a intolerância aqui.
Muitos mais livros e filmes haverá. Se conhecer outros títulos, faça, por favor, a sugestão nos comentários.
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segunda-feira, 10 de novembro de 2014
Cecília Meireles faleceu há 25 anos.
Cecília Meireles teria celebrado, se fosse viva, 113
anos de idade no dia 7 deste mês. Faleceu no dia 9 de Novembro de 1964, faz
hoje exatamente 25 anos.
Cecília M. foi poetisa,
pintora, professora e jornalista brasileira. Autora de obras consagradas, como
“Ou isto ou aquilo” e “Romanceiro da Inconfidência”, Cecília Benevides de
Carvalho Meireles nasceu no Rio de Janeiro e era filha dos portugueses Carlos Alberto de Carvalho
Meireles, funcionário do Banco do Brasil, e Matilde Benevides Meireles, professora.
A escritora ficou órfã muito jovem. O pai faleceu três meses antes de seu
nascimento, e a mãe quando ela tinha apenas três anos de idade. Por isso, foi
criada pela avó, Jacinta Garcia Benevides.
Aos nove anos começou a
escrever poesia e aos 18 publicou o seu primeiro livro.
Foi considerada uma das
vozes líricas mais importantes da língua portuguesa.
Este é um dos seus poemas infantis mais conhecido, inserido na coletânea “Ou isto ou aquilo”
Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é o melhor: se é isto ou aquilo.
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é o melhor: se é isto ou aquilo.
domingo, 9 de novembro de 2014
25º aniversário da queda do Muro de Berlim
Faz hoje 25 anos que o Muro de Berlim caiu. O Muro de Berlim, também apelidado de muro da vergonha, cuja construção se iniciou a 13 de
Agosto de 1961 chegou a ter mais de 150km e dividia a Alemanha em dois blocos. De um lado, ficava a
República Federal da Alemanha (RFA) e, do outro, a República Democrática
Alemã (RDA). Ao longo dos anos, muitas pessoas foram mortas
ao tentar atravessar o Muro. A 9 de novembro de 1989, 28 anos depois, o Muro foi
derrubado por centenas de milhares de manifestantes. A queda do muro de Berlim colocou um ponto final na Guerra Fria e
iniciou o processo de reintegração das duas Alemanhas.
O artigo de António Araújo, no Observador, faz uma lista bibliográfica indispensável para quem quer saber mais sobre a Alemanha de Leste aqui.
Também aqui se enumera uma série de filmes sobre o Muro e a RDA.
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
Dia da Biblioteca Escolar
No dia 27 de outubro, os alunos do 5º Ano visitaram a biblioteca. Esta visita guiada iniciou-se com a fábula de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada "A Cegonha e a tartaruga", uma história que fala da importância da leitura para o conhecimento do mundo que nos rodeia. Afinal não é preciso viajar para saber tudo sobre o mundo `nossa volta. A biblioteca ensina, alimenta a nossa sede de conhecimento, ajuda-nos a viajar, mesmo estando no mesmo lugar!
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
terça-feira, 4 de novembro de 2014
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
Halloween
Hallowen é a Noite das Bruxas, a noite em que há muitos, muitos anos, as pessoas acreditavam que os fantasmas voltavam à Terra em busca de alimento e companhia para levarem para o outro mundo. Para confundir essas almas penadas, quando saiam de casa, usavam máscaras a fim de não serem reconhecidas.
Na Biblioteca, podes ler livros que te contam
histórias de bruxas e fantasmas. Eis alguns:




![[O+Leão,+a+Bruxa+e+o+Guarda-Fatos.jpg]](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizxgSr6Lnn-fjHLqQnpL-6wQfjxCkCANX77ijGg3-cKGI159DM13bKVfLpyPyGLt6rdO9cWbD1Xad0dxazBG1WkzE3of5OaInOpZGmSTp0CMi0k_w4m7axsCUbAJQCVJdnBG-iSrI5kBs/s1600/O+Le%C3%83%C2%A3o,%2Ba%2BBruxa%2Be%2Bo%2BGuarda-Fatos.jpg)
Na biblioteca estão expostas mais títulos. Requisita-os e lê-os. Vais ver como são divertidos!
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
Concurso Nacional de Leitura
Com o objetivo central de estimular o treino da leitura e desenvolver competências de expressão escrita e oral, o Plano Nacional de Leitura dá, em 20 de Outubro de 2014, início à 9ª Edição do Concurso Nacional de Leitura (CNL).
São parceiros desta iniciativa a Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), a Rede das Bibliotecas Escolares (RBE), o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua (Camões, IP) e a RTP.
A participação no concurso está aberta aos alunos dos 3º Ciclo e Ensino Secundário das escolas públicas e privadas do Continente e dos Arquipélagos dos Açores e da Madeira, qualquer que seja a sua nacionalidade.
9ª EDIÇÃO - 2014 | 2015
CALENDÁRIO
INSCRIÇÃO - Até 07 Novembro 2014
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20.Out. 2014
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Até 07 Novembro 2014
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Escolas - Preencher
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14 | 18 Novembro 2014
| PNL - Publicação da lista de escolas inscritas |
1ª Fase | PROVAS ESCOLAS - Até 22 Janeiro 2015
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Até 22 Janeiro 2015
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Provas nas Escolas | Apurar vencedores
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Até 22 Janeiro 2015
| Escolas – Preencher |
01 | 05 Fevereiro 2015
| PNL - Publicação da lista de Alunos apurados |
2ª Fase | PROVAS DISTRITAIS - Até 30 Abril 2015
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Até 30 Abril 2015
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Apurar vencedores
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Até 08 Maio 2015
| PNL - Publicação da lista de Alunos apurados |
3ª Fase | FINAL NACIONAL - Junho/Julho 2015
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08 | 12 Maio 2015
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PNL - Divulgação das obras a ler
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Junho | Julho 2015
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PNL - [Regulamento da 3ª Fase] Prova Final
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![]() |
(Clicar na imagem para mais informações) |
Concurso "Vamos escrever um conto"
Com os objetivos de
- motivar a Comunidade escolar para a redação de um conto,
- desenvolver competências no âmbito da expressão escrita e da criatividade
- partilhar ideias, experiências, sentimentos e saberes,
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
Felicidade clandestina
Um conto de Clarice Lispector dito por Aracy Balabanian.
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
(Retirado daqui.)
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um
livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como “data natalícia” e “saudade”.
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com
barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim um tortura chinesa.
Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o,
dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia, nadava
devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranqüilo
e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o
fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia:
pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua
recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta
horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser.” Entendem? Valia mais do que me dar o livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em
êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.
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