quarta-feira, 18 de março de 2015

Poesia II

A Ana Francisca, aluna do 9ºA, escreveu um pequeno texto sobre o que a poesia é para ela.

O texto poético, para mim é o tipo de texto mais sentimental e mais rico. Porquê lê-lo? É efetivamente um texto mais difícil para análise, mas também é um desafio à nossa atividade cognitiva.
Na aula li um poema: ”O menino da sua mãe” de Fernando Pessoa. Nele era retratada uma das piores consequências da guerra: a morte de uma pessoa querida, neste caso um filho. Este poema tem dois objetos principais: o lenço e uma cigarreira que frisam bem o carinho e a afeição de ambas para com o jovem soldado morto. O Eu poético localiza a morte do jovem: “no plaino abandonado”. O que eu acho mais emotivo neste poema é o facto de a esperança permanecer viva dentro daquela mão e daquela criada, a esperança que ele (o soldado) volte são e salvo de uma batalha que na verdade lhe acabaria por tirar a vida.
Em suma se vocês alguma vez se perguntarem: “Porquê ler um poema?”, pensem que aquele texto constituído por estrofes, versos, não é só um texto, mas sim uma expressão dos sentimentos e das vontades mais profundas de um poeta. Fernando Pessoa, na minha opinião, é o melhor poeta Português de sempre, morreu faz muitos anos, mas a sua poesia prevalece no tempo. Por isso, recomendo vivamente a leitura de poemas, não esquecendo que podemos estar a ler um pedaço de história.


Ana Francisca Cabral Gomes
N 3
Turma: 9 A


"O menino de sua mãe" de  Fernando Pessoa

No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
             De balas trespassado-
             Duas, de lado a lado-,
            Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.
             De braços estendidos,
             Alvo, louro, exangue,
             Fita com olhar langue
            E cego os céus perdidos.

Tão jovem! Que jovem era!
             (agora que idade tem?)
             Filho único, a mãe lhe dera
             Um nome e o mantivera:
            «O menino de sua mãe.»

Caiu-lhe da algibeira
            A cigarreira breve.
            Dera-lhe a mãe. Está inteira
            E boa a cigarreira.
           Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada
            Ponta a roçar o solo,
           A brancura embainhada
          De um lenço… deu-lho a criada
         Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:
          “ Que volte cedo, e bem!”
           (Malhas que o Império tece!)
           Jaz morto e apodrece
           O menino da sua mãe

Este poema, cantado por Mafalda Veiga, pode ser ouvido aqui.

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