O texto
poético, para mim é o tipo de texto mais sentimental e mais rico. Porquê lê-lo?
É efetivamente um texto mais difícil para análise, mas também é um desafio à
nossa atividade cognitiva.
Na aula li
um poema: ”O menino da sua mãe” de Fernando Pessoa. Nele era retratada uma das
piores consequências da guerra: a morte de uma pessoa querida, neste caso um
filho. Este poema tem dois objetos principais: o lenço e uma cigarreira que frisam
bem o carinho e a afeição de ambas para com o jovem soldado morto. O Eu poético
localiza a morte do jovem: “no plaino abandonado”. O que eu acho mais emotivo
neste poema é o facto de a esperança permanecer viva dentro daquela mão e
daquela criada, a esperança que ele (o soldado) volte são e salvo de uma
batalha que na verdade lhe acabaria por tirar a vida.
Em suma se
vocês alguma vez se perguntarem: “Porquê ler um poema?”, pensem que aquele
texto constituído por estrofes, versos, não é só um texto, mas sim uma
expressão dos sentimentos e das vontades mais profundas de um poeta. Fernando
Pessoa, na minha opinião, é o melhor poeta Português de sempre, morreu faz
muitos anos, mas a sua poesia prevalece no tempo. Por isso, recomendo vivamente
a leitura de poemas, não esquecendo que podemos estar a ler um pedaço de
história.
Ana Francisca Cabral Gomes
N 3
Turma: 9 A
"O menino de sua mãe" de Fernando Pessoa
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado-
Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.
De balas trespassado-
Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe.»
(agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe.»
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
“ Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe
“ Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe
Este poema, cantado por Mafalda Veiga, pode ser ouvido aqui.
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