"Desde 1914 que as tropas
portuguesas se tinham envolvido em escaramuças e combates com tropas alemãs em
Angola e, especialmente, em Moçambique. Apesar destes problemas nunca existiu
uma declaração de guerra formal entre os dois países até 1916.
Quando surgiu o pedido britânico para a
apreensão dos navios atracados em portos nacionais desde 1914, o governo agiu
de imediato e militares da armada executaram a ação. Há muito que elementos do
governo republicano defendiam a entrada no conflito até porque se temia a
concretização de um acordo entre as potências beligerantes para a divisão das
colónias africanas de Portugal.
Durante o ano de 1916 assistiu-se à
mobilização e treino de cerca de 50 mil homens, constituídas em duas divisões,
que começaram a embarcar para França no dia 30 de Janeiro de 1917.
As duas divisões cooperando com os britânicos,
mas sob um comando independente, enfrentaram grandes dificuldades em várias
frentes. Tiveram um treino deficiente. O fardamento, as armas e os alimentos eram
fornecidos pelos ingleses, mas nem sempre era do agrado dos homens nas
trincheiras.
Em abril de 1918 a organização militar
colapsou durante a batalha de La Lys, quando várias divisões alemãs
ultrapassaram as linhas portuguesas, matando, ferindo ou prendendo cerca de
sete mil tropas portuguesas. O que restava das unidades foi colocado sob
comando britânico e, até ao final do conflito, não voltaria a ter um papel
relevante no conflito."
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O livro de José Rodrigues dos Santos "A filha do capitão" , tem como cenário de fundo a 1ª Guerra Mundial e a participação dos portugueses nessa guerra. (Para ler este livro clicar sobre a imagem)
Sérgio Veludo Coelho, perito em história militar, conta: "O livro denota um trabalho muito sério quanto às preocupações pelo rigor histórico. Uma condição raramente contemplada nos autores portugueses, exceptuando livros de Álvaro Guerra como ‘Razões do Coração’ ou ‘O Cerco do Porto’”, confessou ao CM Sérgio Coelho. Defendendo que Portugal acabou por desejar entrar na 1.ª Guerra Mundial, como solução para a precaridade do regime monárquico e a crise interna que então vivia, o historiador lembra que os cerca de 50 mil homens que integraram o contingente português até nem dispunham de equipamento tão obsoleto como por vezes se faz crer: “Era fornecido pelos ingleses”, que comandavam. A frente para onde foram deslocados, sublinha o historiador, “era muito complicada”. Em La Lys teremos sofrido 398 baixas e cerca de 6600 homens foram feitos prisioneiros. “Estavam exaustos após seis meses nas trincheiras e os alemães bem o sabiam e, após os bombardeamentos, investiram contra as nossas linhas e só foram parados oito quilómetros depois, pelos ingleses”. (Retirado daqui.)
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