terça-feira, 7 de julho de 2020

Aconteceu o concurso de contadores de histórias

 

Aconteceu, no dia 23 de junho, o Concurso de Contadores de Histórias "Era uma vez...", este ano com características diferentes do habitual. Os alunos contaram, e muito bem, as suas histórias no Google Meet. A coragem esteve presente em todos estes pequenos contadores. Sim, porque ela é necessária, seja em presença, seja à distância. Por isso, todos estão de parabéns!

Os elementos do juri foram o professor Fernando, a professora Liliana, e as alunas Carolina Moreira e Maria João Barros. 

A Coordenadora da Biblioteca iniciou  a sessão lembrando que contador de histórias é uma profissão e que há contadores absolutamente maravilhosos que nos transportam, com as suas histórias,  para longe quando os ouvimos. 

Não sendo uma artista na arte de contar histórias, mas gostando muito de ler, ouvir e contar histórias, contou "A promessa" de Nicola Davies.

"Quando eu era jovem vivia numa cidade mesquinha, dura e feia. 
As ruas eram áridas como um deserto gretadas pelo calor e pelo frio e jamais abençoadas por um pouco de chuva.
O vento soprava constantemente carregado de areia arranhando os edifícios como um cão faminto. 
Nada crescia. Tudo estava partido. Ninguém, naquela cidade sorria.
As pessoas tinham-se tornado mesquinhas, duras e feias como a sua cidade.Eu tambem era mesquinha, dura e feia.
Vivia a roubar quem tinha menos do que eu. O meu coração estava tão seco como as árvores mortas do parque.
Então, uma noite, numa rua escura, sem ninguém, cruzei-me com uma velha débil e fraca, uma vítima fácil. Vi que trazia um saco grande e bem cheio, e quis roubar-lho. Puxei com força mas ela agarrou-o com a determinação que só os heróis têm. Eu puxava e ela puxava até que ela me disse: “Se me prometeres que as plantas, eu solto.”
Eu não entendi nem queria entender. Eu queria era sair dali e prometi.
Saí dali a correr sem olhar para trás pensando na comida e no dinheiro que haveria no saco. Mas, quando o abri, só vi…sementes. Eram muitas, verdes, perfeitas,  tão perfeitas que  compreendi a promessa que tinha feito. Nas minhas mãos eu carregava, agora, um bosque e naquele momento, o meu coração mudou.
Naquela noite adormeci com o saco de sementes a fazer de almofada e no dia seguinte bem cedo comecei a plantar.
Esqueci a comida e o dinheiro e, pela primeira vez na minha vida, senti-me afortunada, mais rica do que alguma vez tinha sonhado ser.
E eu plantei, plantei em parques e jardins, atrás de fábricas e centros comerciais, entre escombros e ruínas, junto a caminhos de ferro, paragens de autocarro, semáforos. Eu plantei junto às casas, junto aos cafés, eu plantei, plantei, plantei.
No início, parecia que nada tinha mudado, mas um dia, o verde começou a brotar. 
Primeiro era só aqui e acolá, depois o verde começou a aparecer em todo o lado. As pessoas começaram a sair de casa, a olhar para as pequenas árvores, a tocar, a cheirar. 
Começaram a conversar umas com as outras, a sorrir. Bebiam chá junto às árvores que eu tinha plantado.
As pessoas começaram a plantar também. Plantavam árvores, flores, frutas, e até, imaginem, couves em parques, jardins, varandas e telhados.
O verde estendeu-se pela cidade como uma canção, mas nessa altura eu já estava longe, numa cidade escura e feia como a minha.  E plantei, e noutra,  plantei, e noutra, plantei até que numa noite escura, numa rua escura e solitária, me cruzei com um jovem ladrão.
Ao ver o meu saco, quis roubar-mo. Puxou com força, mas eu agarrei e não deixei. Ele puxava e eu puxava, ele puxava e eu puxava e, então, fiz com ele o antigo pacto e ele fez a promessa.
Eu sorri. Sorri sabendo que os corações podem mudar. Sorri sabendo que a minha plantação iria continuar." 
(Pode ouvir a leitura aqui)

Terminou dizendo que, de certa forma, esta história tem a ver com o concurso. Fala de sementes, sementes que fazem nascer árvores. Este concurso tem a ver com histórias, histórias que se  plantam como sementes, sementes que vão fazer nascer o gosto pela leitura.

Participaram, então, 19 alunos de 2º Ciclo que nos encantaram com as suas narrativas.
No final, o júri após a avaliação de cada  contador nos parâmetros: dicção, correcção linguística, expressividade, organização das ideias/ progressão da história, conhecimento, segurança e autoconfiança a contar a história, declarou como vencedoras Ex aequo as alunas Inês Fernandes e Matilde Ferreira.

Muitos,muitos parabéns a todos!

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