Celebra-se, a partir desta quarta-feira e até 20 de dezembro, o centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Retrato de uma princesa desconhecida
Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos
Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino
Sophia de Mello Breyner Andresen
"Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu a 6 de novembro 1919 no Porto, onde passou a infância. Em 1939-1940 estudou Filologia Clássica na Universidade de Lisboa. Publicou os primeiros versos em 1940, nos Cadernos de Poesia. Na sequência do seu casamento com o jornalista, político e advogado Francisco Sousa Tavares, em 1946, passou a viver em Lisboa. Foi mãe de cinco filhos, para quem começou a escrever contos infantis. Além da literatura infantil, Sophia escreveu também contos, artigos, ensaios e teatro. Traduziu Eurípedes, Shakespeare, Claudel, Dante e, para o francês, alguns poetas portugueses.
Em termos cívicos, a escritora caracterizou-se por uma atitude interventiva, tendo denunciado ativamente o regime salazarista e os seus seguidores. Apoiou a candidatura do general Humberto Delgado e fez parte dos movimentos católicos contra o antigo regime, tendo sido um dos subscritores da "Carta dos 101 Católicos" contra a guerra colonial e o apoio da Igreja Católica à política de Salazar. Foi ainda fundadora e membro da Comissão Nacional de Apoio aos Presos Políticos. Após o 25 de Abril, foi eleita para a Assembleia Constituinte, em 1975, pelo círculo do Porto, numa lista do Partido Socialista. Foi também público o seu apoio à independência de Timor-Leste, consagrada em 2002.
A sua obra está traduzida em várias línguas e foi várias vezes premiada, tendo recebido, entre outros, o Prémio Camões 1999, o Prémio Poesia Max Jacob 2001 e o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana – a primeira vez que um português venceu este prestigiado galardão. Com uma linguagem poética quase transparente e íntima, ao mesmo tempo ancorada nos antigos mitos clássicos, Sophia evoca nos seus versos os objetos, as coisas, os seres, os tempos, os mares, os dias.
Faleceu a 2 de julho de 2004, em Lisboa. Dez anos depois, em 2014, foram-lhe concedidas honras de Estado e os seus restos mortais foram trasladados para o Panteão Nacional."
(Texto retirado daqui)
"Sophia na primeira pessoa", um documentário de Manuel Mozos.
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Uma homenagem à vida e obra da poetisa
Recorrendo ao espólio pessoal da autora, a imagens atuais de locais onde viveu ou que lhe foram queridos e a imagens de arquivo de televisão e cinema e, ainda, utilizando partes da sua prosa e da sua poesia, sempre com testemunhos na primeira pessoa, do Porto a Lisboa, da Granja a Lagos, do mar Atlântico ao Mediterrâneo, da Grécia ao 25 de Abril, as paixões e deceções de uma vida e obra dedicadas à busca pelo real, pela liberdade e pela justiça.
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Para ver mais vídeos acerca de Sophia de Mello Breyner Andresen, clicar aqui.
Bibliografia de Sophia aqui.
Poemas lidos por Sophia na Biblioteca Nacional
Bibliografia de Sophia aqui.
Poemas lidos por Sophia na Biblioteca Nacional
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(Ler a obra aqui.) |
Adaptação teatral da obra "O Rapaz de Bronze", retirada daqui.
(Ler a obra aqui.) |
A Árvore de Sophia Mello Breyner Andresen (homenagem)
A Noite de Natal
A Fada Oriana
Paulo Freixinho, cruciverbalista, construiu palavras cruzadas sobre algumas das obras de Sophia, às quais se pode aceder aqui.
"Porque" - Francisco Fanhais (poema - Sofia Mello Breyner )
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Relatórios da fome
O caminho da injustiça
A linguagem do terror
A bomba de Hiroshima
Vergonha de nós todos
Reduziu a cinzas
A carne das crianças
DÁfrica e Vietname
Sobe a lamentação
Dos povos destruídos
Dos povos destroçados
Nada pode apagar
O concerto dos gritos
O nosso tempo é
Pecado organizado.
Obrigado pela referencia e, principalmente, pela partilha de Palavras Cruzadas... :-)... amplexos e ósculos!... ;-)...
ResponderEliminarReferência merecida! Bom trabalho!
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